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    Após recuo de Temer, Câmara aprova texto-base da renegociação de dívidas

    EDUARDO CUCOLO
    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    10/08/2016 01h42 - Atualizado às 02h50

    Um dia depois de o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) defender a proposta que proíbe por dois anos os reajustes ao funcionalismo estadual, o governo Michel Temer decidiu alterar o projeto de renegociação da dívida dos Estados e abrir mão dessa restrição.

    A mudança foi uma exigência dos líderes da base aliada do governo na Câmara do Deputados para votar o projeto da renegociação. Os parlamentares aprovaram o texto preliminar da proposta nesta quarta-feira (10). Foram 282 votos a favor, 140 contrários e duas abstenções.

    Ainda é necessário votar na Câmara algumas propostas que podem alterar o texto final da renegociação. A votação está marcada para as 10h desta quarta-feira (10). Depois, o projeto segue para o Senado.

    Foi o segundo recuo do presidente interino em relação ao projeto. Na semana passada, já havia sido alterado o trecho que obrigaria alguns governadores a reduzirem o gastos com pessoal para se enquadrarem na Lei de Responsabilidade Fiscal, que seria modificada.

    Na segunda-feira (9), o governo havia fechado com o relator do projeto, deputado Esperidião Amin (PP-SC), um texto que proibia por dois anos a realização de concursos e a concessão de reajustes aos funcionários públicos.

    A única contrapartida dos governadores que permanece no projeto é o teto para o aumento das despesas nos próximos dois anos, que ficará vinculado à inflação. A oposição ainda tenta derrubar essa restrição.

    Essa é a única exigência para que os Estados tenham o benefício de esticar em 20 anos o pagamento das suas dívidas com a União e obter ainda descontos adicionais nas prestações até 2018.

    Pouco antes de anunciar a mudança no texto, líderes da base aliada afirmaram que o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) errava ao insistir na restrição ao funcionalismo e que sua posição se devia a uma tentativa de agradar ao mercado, mas que não encontrava respaldo do ponto de vista político.

    Para atender aos pedidos da base aliada, pressionada por funcionários públicos, o governo pediu ao relator do projeto que mexesse na questão dos servidores.

    Amin afirmou que não houve recuo por parte do governo, pois o trecho retirado do projeto é a mesma coisa que já está prevista na Constituição, na Lei de Responsabilidade Fiscal e no acordo assinado com os governadores em junho. Esse foi o mesmo discurso dos demais líderes.

    O PT, que votou contra a proposta, avaliou que o projeto foi desfigurado, representou uma derrota para Temer e mostra que o governo terá dificuldade para aprovar outras medidas de ajuste fiscal.

    NORTE E NORDESTE

    O governo federal também decidiu analisar o pedido dos governadores do Norte e Nordeste, que reivindicam ajuda financeira para apoiar a proposta da renegociação, que beneficia, principalmente, os Estados do Sul e Sudeste.

    No mesmo momento em que o texto era alterado na Câmara, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) afirmava, por meio da internet, que governadores que não renegociaram suas dívidas com a União, "com justos motivos, pedem auxílio emergencial ao governo". "Vai ser avaliado", afirmou Padilha.

    Em reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB -AL), governadores do Norte e do Nordeste reivindicaram compensações para apoiar tentativa do governo de aprovar um projeto que renegocia as dívidas dos Estados.

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