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    Juro baixo nos Estados Unidos faz dólar ficar desvalorizado no Brasil

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    19/08/2016 02h00

    Jonathan Ernst - 9.out.2013/Reuters
    U.S. President Barack Obama announces his nomination of Janet Yellen to head the Federal Reserve at the White House in Washington October 9, 2013. If confirmed, Yellen will run the world's most influential central bank, providing some relief to markets that would expect her to tread carefully in winding down economic stimulus. The nomination puts Yellen on course to be the first woman to lead the institution in its 100-year history. REUTERS/Jonathan Ernst (UNITED STATES - Tags: POLITICS BUSINESS) ORG XMIT: WAS601
    Presidente do Fed, Janet Yellen, ao lado de Barack Obama, presidente dos EUA

    A política do banco central dos Estados Unidos de manter a taxa básica de juros da economia americana em nível baixo foi o principal fator responsável pela desvalorização sofrida pelo dólar no Brasil e em outros países desde o início do ano, de acordo com estudo do Itaú Unibanco.

    Os economistas do banco concluíram que fatores externos, como os juros americanos e europeus, e os preços das commodities, ajudam a explicar mais da metade da variação de um grupo de 26 moedas que se valorizaram em relação ao dólar nos últimos meses, entre elas o real.

    De acordo com o estudo, esses fatores foram mais relevantes até aqui do que a percepção de risco dos investidores sobre as moedas locais, que no caso brasileiro tem diminuído desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a posse do presidente interino, Michel Temer, em maio.

    "Algumas moedas são mais sensíveis ao Fed do que outras, mas todas reagem às sinalizações do BC americano", explica Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco. "Quando o Fed muda sua postura ou a percepção de risco é alterada, as moedas se movem conjuntamente, ainda que as intensidades possam ser diferentes."

    É o que aconteceu nesta semana, quando dirigentes do Fed (Federal Reserve), o banco central americano, indicaram que os juros podem subir antes do fim do ano e provocaram uma corrida para o dólar, que se valorizou.

    Na quarta-feira (17), a ata da última reunião do comitê do Fed que define a taxa básica de juros mostrou que seus integrantes estão divididos quanto ao momento de elevá-los, fazendo o dólar perder força de novo ante a maior parte das moedas.

    Nesta quarta, o dólar fechou em alta no mercado brasileiro, em parte por causa de desconfianças dos investidores sobre a capacidade do governo Temer de aprovar medidas de ajuste fiscal no Congresso. A cotação do dólar à vista fechou em alta 0,43%, a R$ 3,2395. Desde o início do ano, porém, a moeda americana acumula desvalorização de 18% em relação ao real.

    O estudo do Itaú mostra que, quando há alguma sinalização de que o Fed pode elevar os juros americanos, o real é uma das moedas mais afetadas. "O Brasil se beneficia muito do fluxo de capitais estrangeiros, e quando há chance de elevação dos juros nos EUA, o rendimento dos títulos americanos aumenta", diz Julia. "Isso atrai investidores para lá e o dólar se valoriza."

    A última alta dos juros americanos ocorreu em dezembro de 2015. A taxa básica de juros, que serve de referência para a remuneração dos títulos públicos americanos e estava entre zero e 0,25%, passou para 0,25% a 0,50%. Foi a primeira elevação desde junho de 2006.

    Quando aumenta a aversão a risco, os investidores tendem a procurar ativos de maior qualidade, e o dólar se fortalece frente à maior parte das moedas. Por outro lado, o retorno dos títulos americanos, considerados os ativos mais seguros, cai com o aumento da demanda.

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