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    Dólar recua ante o real, na contramão do exterior, com ação menor do BC

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    19/08/2016 17h48

    Após seis altas seguidas, o dólar caiu ante o real nesta sexta-feira (19), na contramão do exterior.

    A moeda americana subiu frente à maior parte das moedas depois de declarações de mais um dirigente regional do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) sugerindo uma alta dos juros americanos ainda neste ano.

    O real, no entanto, se valorizou, com a menor atuação do Banco Central no câmbio, enquanto o Ibovespa fechou em leve baixa, em uma sessão marcada pelo volume fraco de negócios.

    No campo doméstico, os investidores aguardavam o resultado da reunião promovida pelo presidente interino Michel Temer nesta sexta-feira, em São Paulo, para "afinar" o discurso sobre o ajuste fiscal. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, participaria do encontro, além de outros ministros, líderes do governo e do Congresso.

    Nesta semana, dúvidas sobre a capacidade do governo Temer de aprovar medidas do ajuste fiscal no Congresso pressionaram o dólar para cima.

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    NOTAS DE DÓLAR

    O dólar à vista encerrou o pregão em baixa de 0,33%, a R$ 3,2288. Na semana, a moeda americana ganhou 1,76%.

    O dólar comercial recuou 0,74%, a R$ 3,2090. Na semana, acumulou alta de 0,75%.

    Segundo analistas, o principal motivo para a queda do dólar nesta sessão foi que o BC voltou a ofertar 10.000 contratos de swap cambial reverso, no montante de US$ 500 milhões. A operação equivale à compra futura de dólares.

    Desde o dia 11, depois que o dólar caiu para R$ 3,13, a autoridade monetária vinha ofertando 15.000 contratos (US$ 750 milhões) de swap cambial reverso. Até então, vinha leiloando diariamente 10.000 contratos.

    Como a moeda americana subiu nas últimas seis sessões, o BC diminuiu o volume de contratos ofertados para o montante original.

    "O BC reduziu o volume de swaps reversos, criando uma banda provisória entre R$ 3,10 e R$ 3,25, mas esta banda não deverá ter longa duração", avalia José Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos, em relatório.

    Segundo ele, o dólar deve continuar caindo, especialmente se for confirmado o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, com prevê o mercado.

    O mercado de juros futuros acompanhou a queda do dólar. O contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,990% para 13,980%; o contrato de DI para janeiro de 2018 recou de 12,740% para 12,690%; e o DI para janeiro de 2021 passou de 11,950% para 11,870%.

    O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, no entanto, subia 0,31%, aos 252,545 pontos.

    BOLSA

    O Ibovespa fechou em baixa de 0,11%, aos 59.098,92 pontos. Na semana, o índice acumulou alta de 1,37%.

    Operadores destacaram o baixo volume negociado, que somou R$ 5,4 bilhões.

    "Os investidores aguardam alguma novidade para voltar a comprar ou vender ações", comenta um profissional. Ele destaca que, em agosto, até o último dia 17, os investidores estrangeiros retiraram quase R$ 870 milhões da Bolsa.

    "O impeachment de Dilma já está precificado, e o mercado quer ver como será o governo Temer quando ele deixar de ser interino, se as medidas de ajuste fiscal vão passar no Congresso", afirma.

    As ações da Petrobras perderam 0,69%, a R$ 12,79 (PN), e 0,79%, a R$ 15,06 (ON). O petróleo Brent, negociado em Londres, operava em leve baixa, enquanto o WTI, negociado em Nova York, subia.

    Os papéis da Vale ganharam 1,31%, a R$ 16,17 (PNA), e 0,84%, a R$ 19,08 (ON), acompanhando a alta do minério de ferro na China

    No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 0,65%; Bradesco PN, -0,57%; Bradesco ON, -0,73%; Banco do Brasil ON, +2,06%; Santander unit, +0,88%; e BM&FBovespa ON, -0,27%.

    EXTERIOR

    Na Bolsa de Nova York, os índices caíram após comentários do presidente do Fed de São Francisco, John Williams, de que a economia americana está forte o suficiente para suportar uma alta dos juros em breve. O mesmo aconteceu com as Bolsas europeias.

    O índice S&P 500 encerrou a sessão em queda de 0,14%; o Dow Jones, -0,24%; e o Nasdaq, -0,03%.

    Williams alertou nesta quinta-feira (18) que esperar muito para subir as taxas eleva os riscos de uma inflação alta ou de uma bolha de ativos, prejudicando o crescimento da economia americana.

    Na quarta-feira (17), a ata da última reunião do Fed indicou que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed estão divididos quanto a uma alta dos juros, e que o colegiado deve esperar mais dados econômicos antes de tomar uma decisão. O documento reduziu as apostas de uma alta dos juros americanos neste ano.

    Na véspera, outros dois dirigentes regionais do Fed haviam sinalizado que os juros americanos poderiam subir ainda em 2016, o que pressionou os mercados acionários.

    Analistas ressaltam que, com os sinais contraditórios do Fed, os investidores aguardam com certa ansiedade o discurso da presidente do BC americano, Janet Yellen, na próxima sexta-feira (26), durante encontro anual de dirigentes de bancos centrais em Jackson Hole, no Estado americano de Wyoming.

    Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em baixa de 0,15%; Paris, -0,82%; Frankfurt, -0,55%; Madri, -1,16%; e Milão, -2,18%.

    Na Ásia, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,02%. O índice de Xangai ganhou 0,15%.

    O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio fechou em alta de 0,36%.

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