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    Casos de racismo no Airbnb põem em xeque economia colaborativa

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    21/08/2016 02h00

    Reprodução
    Odeio pretos', escreveu anfitrião ao vetar cliente do Airbnb
    'Odeio pretos', escreveu anfitrião ao vetar cliente do Airbnb

    A proposta do Airbnb é simples: unir quem quer alugar a casa por uma temporada a alguém à procura de um lugar. Mais complicado é impedir que essa plataforma virtual seja usada para promover um apartheid na vida real, no qual visitantes são rejeitados com base na cor da pele.

    A campanha #AirbnbWhileBlack (Airbnb quando se é negro) se popularizou na internet com a dificuldade de usuários para selar contratos. Quem ligou os pontos foi Quirtina Crittenden, 23, consultora empresarial em Chicago e criadora da campanha.

    Após vários "nãos", Quirtina, que é negra, retirou seu retrato do serviço e abreviou seu nome, tipicamente afro-americano, para Tina. A aceitação disparou.

    Seu caso não é ponto fora da curva, mostra pesquisa de Harvard. Com dois colegas, Benjamin Edelman enviou 6.400 pedidos para anfitriões em cinco grandes cidades, como Dallas e Los Angeles.

    O trio forjou 20 perfis falsos (sem imagens), com dez nomes associados a brancos (Laurie, Brad) e dez a negros (Latoya, Tyrone).

    Em média, afro-americanos receberam "sim" em 42% dos casos, e brancos, em 50%.

    DESABAFO

    Nas redes sociais, a clientela esnobada desabafa.

    Uma usuária chamada Shani publicou no Twitter a resposta que uma amiga recebeu ao tentar fechar negócio com um homem branco: "Odeio pretos, então vou ter de cancelar com você. Aqui é o sul [dos EUA], querida".
    A discrepância põe em xeque a autorregulamentação na economia colaborativa.

    O Airbnb, diz Eldeman, teria como criar mecanismos para obstruir o preconceito. "A solução é esconder informações raciais [como fotos e nomes]", afirmou à Folha.

    Críticos dizem que nem todo mundo fica confortável em abrir a casa a um estranho sem ver a cara dele, receio que não necessariamente tem motivações raciais.

    Enquanto isso, surgem serviços aos que se sentem desdenhados, como o Innclusive, trocadilho com "inn" (hospedaria) e inclusão.

    Em carta, o presidente do Airbnb, Brian Chesky, promete não repetir "erros passados". O estudo de Harvard, porém, parece não ter agradado: Eldeman diz que o Airbnb baniu o trio de pesquisadores após o estudo.

    "Terminou até com minha conta pessoal." O veto só foi revertido após a Folha entrar em contato com a empresa.

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