Reprodução | ||
'Odeio pretos', escreveu anfitrião ao vetar cliente do Airbnb |
-
-
Mercado
Thursday, 02-May-2024 22:14:58 -03Casos de racismo no Airbnb põem em xeque economia colaborativa
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE NOVA YORK21/08/2016 02h00
A proposta do Airbnb é simples: unir quem quer alugar a casa por uma temporada a alguém à procura de um lugar. Mais complicado é impedir que essa plataforma virtual seja usada para promover um apartheid na vida real, no qual visitantes são rejeitados com base na cor da pele.
A campanha #AirbnbWhileBlack (Airbnb quando se é negro) se popularizou na internet com a dificuldade de usuários para selar contratos. Quem ligou os pontos foi Quirtina Crittenden, 23, consultora empresarial em Chicago e criadora da campanha.
Após vários "nãos", Quirtina, que é negra, retirou seu retrato do serviço e abreviou seu nome, tipicamente afro-americano, para Tina. A aceitação disparou.
Seu caso não é ponto fora da curva, mostra pesquisa de Harvard. Com dois colegas, Benjamin Edelman enviou 6.400 pedidos para anfitriões em cinco grandes cidades, como Dallas e Los Angeles.
O trio forjou 20 perfis falsos (sem imagens), com dez nomes associados a brancos (Laurie, Brad) e dez a negros (Latoya, Tyrone).
Em média, afro-americanos receberam "sim" em 42% dos casos, e brancos, em 50%.
DESABAFO
Nas redes sociais, a clientela esnobada desabafa.
Uma usuária chamada Shani publicou no Twitter a resposta que uma amiga recebeu ao tentar fechar negócio com um homem branco: "Odeio pretos, então vou ter de cancelar com você. Aqui é o sul [dos EUA], querida".
A discrepância põe em xeque a autorregulamentação na economia colaborativa.O Airbnb, diz Eldeman, teria como criar mecanismos para obstruir o preconceito. "A solução é esconder informações raciais [como fotos e nomes]", afirmou à Folha.
Críticos dizem que nem todo mundo fica confortável em abrir a casa a um estranho sem ver a cara dele, receio que não necessariamente tem motivações raciais.
Enquanto isso, surgem serviços aos que se sentem desdenhados, como o Innclusive, trocadilho com "inn" (hospedaria) e inclusão.
Em carta, o presidente do Airbnb, Brian Chesky, promete não repetir "erros passados". O estudo de Harvard, porém, parece não ter agradado: Eldeman diz que o Airbnb baniu o trio de pesquisadores após o estudo.
"Terminou até com minha conta pessoal." O veto só foi revertido após a Folha entrar em contato com a empresa.
Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.brPublicidade -