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    Taxa de desemprego no país sobe para 11,6% no trimestre encerrado em julho

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    30/08/2016 09h12 - Atualizado às 11h42

    Enquanto a economia dá sinais de que começa a estabilizar, o mercado de trabalho entrou no segundo semestre em deterioração e sem perspectivas de melhora no curto prazo.

    Conforme dados divulgados do IBGE nesta terça (30), a taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho foi de 11,6%, 0,4 ponto percentual acima do trimestre anterior.

    Trata-se do pior resultado da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua), iniciada no primeiro trimestre de 2012.

    Os analistas consultados pela agência internacional Bloomberg previam uma taxa de 11,5% pelo centro (mediana) das projeções, que variavam de 11,4% a 11,6%.

    Taxa de desocupação - Por trimestre móvel, em %

    No trimestre encerrado em julho, 11,85 milhões de pessoas procuraram emprego, sem encontrar, um aumento de 3,8% frente ao trimestre imediatamente anterior. São 436 mil pessoas a mais.

    Esse contingente de 11,85 milhões de desempregados é um recorde da série.

    Na comparação com o mesmo período do ano passado, esse crescimento é ainda maior: 37,4%, o que representa 3,22 milhões de pessoas a mais na fila de emprego.

    Esse aumento é resultado sobretudo da maior procura por emprego por pessoas que estavam fora do mercado de trabalho. O período também teve, contudo, demissões.

    A população ocupada (com 14 anos ou mais de idade) era de 90,5 milhões no trimestre encerrado em julho, 0,2% abaixo do trimestre anterior e 1,8% de um ano atrás.

    Esse total de pessoas ocupadas é o mesmo nível do segundo trimestre de 2013.

    Segundo Thais Marzola, economista da Rosenberg Associados, o descompasso entre a atividade econômica e o mercado de trabalho segue um roteiro comum no país.

    "Muita gente deixou de demitir ao longo da crise por causa dos custos envolvidos. Por isso, o processo ainda não terminou. E, agora, antes de recontratar, o empresário vai ter muita ociosidade a preencher", disse.

    A renda real do trabalhador (descontada a inflação) foi de R$ 1.985 no período, queda de 0,6% em relação ao trimestre móvel de fevereiro a abril (R$ 1.997). Para o IBGE, essa variação indica estabilidade.

    Frente ao mesmo período do ano passado, porém, a renda registra queda de 3%. Ela era de R$ 2.048 de maio a julho de 2015 (já ajustada pela inflação).

    Rendimento médio real - Habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas, por trimestre móvel, em R$

    OLIMPÍADA

    Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento no IBGE, é preciso aguardar a pesquisa de novembro para avaliar as influências da Olimpíada sobre os números do mercado de trabalho.

    "O Rio teve um megaevento que abarcou um grande número de pessoas na construção. Vimos isso claramente. Pode ser, por exemplo, um motorista do Uber", disse Azeredo.

    Ele disse que ainda seria cedo para avaliar, porém, se a Olimpíada do Rio de fato amorteceu o resultado do mercado de trabalho do trimestre encerrado em julho.

    SETORES

    Oito dos dez grupos de atividade acompanhados pelo IBGE reduziram ligeiramente o número de pessoas ocupadas de maio a julho deste ano na comparação com os três meses anteriores.

    Em termos proporcionais e absolutos, a construção foi a que mais cortou. Foram 68 mil postos de trabalho a menos, queda de 0,9%. Essa variação também é considerada estabilidade pelo IBGE.

    Dois setores salvaram-se. Um deles foi a administração pública, que cresceu em 151 mil o número de pessoas ocupadas em sua atividade, alta de 1% frente aos três meses anteriores.

    Outros serviços (artes, cultura, serviços pessoais, recreação) tiveram um crescimento de 1,1%, com mais 45 mil pessoas atuando no setor frente ao trimestre de fevereiro a abril de 2016.

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