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    Com demora no ajuste fiscal, Temer conta com juro menor só em 2017

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    31/08/2016 02h00

    A equipe do presidente interino, Michel Temer, já trabalha com a possibilidade de a taxa de juros começar a cair só no próximo ano, diante do ritmo ainda lento de queda da inflação e da demora na aprovação das medidas fiscais propostas pelo governo.

    No início de maio, Temer acreditava que a taxa Selic, referência de juros para o mercado financeiro, começaria a ser reduzida pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central na reunião marcada para outubro.

    Assessores presidenciais avaliam agora que as melhoras no cenário econômico ainda não são suficientes para o BC cortar a taxa de juros.

    A avaliação do governo e dos analistas do mercado é que a taxa básica de juros será mantida em 14,25% ao ano na reunião do Copom que termina nesta quarta (31). Neste ano, o comitê do Banco Central terá mais dois encontros, em outubro e novembro.

    Para a equipe de Temer, a rápida aprovação das medidas de ajuste propostas pelo governo ao Congresso poderia tornar viável a redução dos juros ainda neste ano.

    Mas o Palácio do Planalto já trabalha com a hipótese de que a principal medida —que cria um teto para impedir que os gastos públicos subam mais do que a inflação— só poderá ser aprovada no próximo ano, por causa das eleições municipais de outubro.

    Interlocutores do presidente interino disseram à Folha que ele tentará acelerar a aprovação da medida no Congresso se for confirmado no cargo nesta semana, quando o Senado deve concluir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

    Isso poderia melhorar a expectativa do mercado em relação à economia e contribuir para uma queda na inflação.

    NÚMEROS

    Em julho, a inflação acumulada em 12 meses atingiu 8,74%, segundo o IPCA. O último relatório do BC prevê que a inflação fechará o ano em 6,9%, enquanto a previsão do mercado está em 7,34%.

    O Banco Central diz que seu objetivo é fazer a inflação se aproximar do centro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5%, no fim de 2017.

    Nesta quarta, a equipe econômica de Temer vai divulgar sua proposta de Orçamento para o próximo ano. Ela estará ajustada às regras previstas para o teto dos gastos.

    Para compensar um aumento de R$ 90 bilhões previsto para despesas obrigatórias, especialmente por causa do crescimento dos gastos da Previdência Social, o governo fará um corte de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões nas despesas com custeio e investimento.

    A proposta do governo vai prever ainda R$ 40 bilhões de receitas extraordinárias, que seriam obtidas sem o aumento de impostos. A maior parte desse dinheiro viria do programa de concessões e privatizações que Temer promete lançar após o impeachment.

    A equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, espera ainda uma melhora de até R$ 10 bilhões na arrecadação de tributos no ano que vem, como resultado de uma mudança na previsão de crescimento da economia em 2017, de 1,2% para 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto).

    Com essas medidas, o governo espera promover um esforço fiscal da ordem de R$ 55 bilhões, o que garantiria o cumprimento da meta fiscal do ano que vem, quando o governo promete reduzir seu deficit para R$ 139 bilhões.

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