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    Sem dar aumento real, Petrobras apela para empregados não fazerem greve

    NICOLA PAMPLONA
    DE DO RIO

    31/08/2016 02h00

    Às vésperas do início das negociações salariais de 2016, a diretoria da Petrobras sinaliza que não dará ganho real e apela aos empregados que não façam greve neste ano.

    A negociação deste ano, que se inicia em setembro, promete ser dura, com ameaça de novas paralisações de petroleiros pelo país.

    Em 2015, quando a estatal propôs aumento de 5,73%, a categoria cruzou os braços por 21 dias, até obter um reajuste de 9,53%, que cobria a inflação no período.

    Para 2016, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) apresentou à companhia proposta de reajuste de 19%. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) apresentará sua proposta na quinta (1º): reposição da inflação (8,74% nos 12 meses até julho) mais 5%.

    A direção da Petrobras espera a proposta da FUP para apresentar uma contraproposta, mas, em carta enviada aos empregados na segunda-feira (29), ressalta que 37,6% das negociações salariais no Brasil tiveram reajuste abaixo da inflação em 2016.

    O texto cita uma série de indicadores financeiros da companhia, como a dívida de US$ 126 bilhões, para argumentar que não será possível "levar adiante a mesma política de reajustes salariais que vigorou até então".

    Nos últimos 12 anos, diz a carta, os empregados da Petrobras tiveram ganho real acumulado de 50,8%.

    "As negociações do acordo coletivo de trabalho de 2016 exigirão uma profunda compreensão do que vive a Petrobras", diz a empresa.

    O documento assinado pelo presidente Pedro Parente e pelos sete diretores apela aos empregados para que não façam greve, alegando que cada dia de paralisação custa à empresa R$ 9 milhões com a mobilização de equipes de contingência.

    "Não tenho dúvida nenhuma de que vai ter greve. A política deles é de redução de direitos", diz o coordenador da FUP, José Maria Rangel.

    "Não aceitamos nenhum direito a menos. Não vamos recuar", diz o secretário-geral da FNP, Emanuel Cancella.

    As duas entidades se reúnem nesta semana para definir a estratégia de atuação durante as negociações. Além do reajuste, colocarão na pauta protestos contra a venda de ativos da empresa.

    NOVA ESTRATÉGIA

    Tentando se antecipar, a direção da estatal adotou uma estratégia diferente, visitando unidades operacionais para convencer os empregados de sua estratégia para socorrer a empresa.

    Normalmente, as greves têm maior adesão entre empregados de refinarias e plataformas do que em prédios administrativos.

    Na carta, a empresa informou que iniciará esta semana negociações para redução de jornada de trabalho e de salário com empregados que tiverem o interesse.

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