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    Meirelles diz não se preocupar com reação do mercado a protestos

    JOHANNA NUBLAT
    ENVIADA ESPECIAL A HANGZHOU

    05/09/2016 08h14 - Atualizado às 11h37

    Questionado sobre a necessidade de conversar com o mercado sobre estabilidade no país apesar dos protestos contra o governo Michel Temer, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) afirmou "não se preocupar" com o mercado.

    "Eu não me preocupo com o mercado (...) O mercado tem uma característica, ele antecipa os fatos, não espera acontecer. Por isso que estamos vendo esse movimento do preços de ativos acontecendo nos últimos meses, nas últimas semanas. O mercado já esperava esse resultado [do impeachment], não esperou acontecer para aí conversar", disse o ministro a jornalistas, durante a reunião do G20, na China.

    Meirelles foi questionado sobre várias das propostas de reformas da nova gestão.

    Sobre a possibilidade de atrasar o envio da reforma da Previdência por pressão por causa das eleições municipais, o ministro disse que a proposta "está sendo finalizada e, tão logo esteja completa, totalmente pactuada dentre o grupo que está trabalhando nela, será enviada".

    "A proposta do teto de gasto está em andamento no Congresso, já está em audiência pública e já está em processo. Não se esperou a eleição para isso, mas é importante mencionar que uma proposta dessa, e também da reforma da Previdência, é uma coisa que terá efeito por décadas. Portanto, não é algo que será um ou dois meses, umas semanas, etc, que vai fazer grande diferença."

    A respeito de mudanças nos programas sociais, Meirelles disse que "o melhor e mais eficaz programa social é aquele que crie emprego".

    Respondendo a uma pergunta sobre uma eventual "repaginação dos programas sociais", afirmou que "[o que] você chamou de repaginação dos programas sociais é exatamente para que eles sejam mais eficazes. É para assegurar que quem esteja recebendo é quem precisa. Em nenhum momento, significa que quem precisa e que de fato tenha direito ao programa social possa perder qualquer um desses direitos".

    Meirelles disse não acreditar em uma reação negativa a privatizações neste momento.

    "Os processos recentes de privatizações e concessões, como o dos aeroportos, foram muito bem recebidos pela população. A privatização das estradas foi muito bem recebida. A população que percorre as estradas privatizadas [vê que] estão muito melhores do que muitas das que não são privatizadas, a população aprendeu a entender e apreciar isso."

    "Certamente temos que considerar várias coisas. Várias reformas. Por exemplo, uma simplificação do código tributário, em estudo, é uma coisa complexa, principalmente quando envolve Estados, municípios, mas é uma coisa que o Brasil tem de olhar. De novo, tem de fazer bem feito. Fazer a sério e bem feito, nada na correria funciona nesse tipo de coisa", disse.

    Ao final da cúpula do G20, Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), falou brevemente sobre suas expectativas frente ao governo Temer: "Uma boa participação em uma cooperação na comunidade internacional e a busca de reformas indispensáveis ao país".

    CONVITES A TEMER

    Nesta segunda (5), Temer teve quatro reuniões bilaterais às margens do G20, com os primeiros-ministros italiano, Matteo Renzi, espanhol, Mariano Rajoy, e japonês, Shinzo Abe, e com o príncipe da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.

    Desde que chegou à China, já tinha se reunido com o presidente chinês, Xi Jinping, e o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo. Ao total, Temer recebeu três convites de visitas: da China, da Espanha e do Japão.

    A finalidade das bilaterais, disse Meirelles, "não é meramente [afirmar] a legalidade da evolução dos acontecimentos no Brasil, não tem tanta dúvida sobre isso".

    "Talvez pode se mencionar isso [a conclusão do processo de impeachment], até, digamos assim, por um dever de ofício faz-se essa menção. Mas a principal prioridade das bilaterais é exatamente, com a mudança das perspectivas econômicas do Brasil, o interesse de muitos países de aumentar as relações comerciais, de investimento e a interação com o Brasil."

    Temer deixou Hangzhou às 17h55 desta segunda-feira (5), manhã de segunda no Brasil, após quase quatro dias na China. Temer chegou a Xangai na sexta (2) pela manhã; no mesmo dia, viajou a Hangzhou.

    A previsão é que o presidente pouse em Brasília por volta das 12h30 desta terça (6).

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