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    4 fundos de pensão respondem por 60% do rombo do setor

    LAÍS ALEGRETTI
    DE BRASÍLIA

    06/09/2016 02h00

    Além de supostos casos de desvio em algumas entidades, a longevidade da população e o resultado dos investimentos feitos na Bolsa são as principais dificuldades que vêm sendo enfrentadas pelos fundos de pensão no Brasil, que acumularam um deficit atuarial de R$ 73,3 bilhões no primeiro trimestre.

    De acordo com os dados mais recentes da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), 254 fundos foram responsáveis por esse rombo. No mesmo período, outros 430 tiveram superavit, que somou R$ 15,6 bilhões, e 439 estavam em equilíbrio.

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    Quando um plano registra desequilíbrio atuarial significa que, se fosse obrigado a pagar hoje todos os benefícios atuais e futuros, não haveria recursos suficientes para honrar os compromissos.

    Os quatro fundos que são alvo da Operação Greenfield —Funcef (Caixa), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios)— têm sido responsáveis por mais de 60% do valor dos rombos registrados pelo setor, de acordo com Antônio Gazzoni, diretor-geral da consultoria atuarial Mercer Gama e professor da FGV.

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    A vida mais longa dos participantes tem pressionado o caixa das entidades porque, em grande parte dos fundos que têm registrado saldo negativo, o pagamento do benefício é vitalício.

    Segundo o professor, os custos dos fundos subiram, em média, 25% nos últimos 15 anos só por esse fator.

    "Só tem duas maneiras de colocar em equilíbrio o plano: ou a rentabilidade aumenta, o que só pode ser feito até certo ponto, ou tem de aumentar as contribuições."

    BOLSA

    Ao divulgar o rombo do primeiro trimestre de 2016, a Previc avaliou que o resultado negativo é explicado "em grande parte pelo contexto econômico adverso para os investimentos" dos fundos.

    O investimento que mais frustrou os gestores nos últimos tempos foi a aplicação na Bolsa de Valores, segundo Gazzoni. "A Bolsa experimentou volatilidade muito grande e negativa no ano passado", lembrou.

    Além de movimentações inesperadas no mercado financeiro, o especialista afirmou que, muitas vezes, o resultado ruim pode ocorrer por erros de gestão, como prazos inadequados de investimento, por exemplo. Os gestores desses fundos têm de procurar o equilíbrio entre a necessidade de liquidez e os investimentos de longo prazo.

    Gazzoni diz que as suspeitas de desvio têm impacto ruim para a imagem do setor.

    "Alguns gestores se apropriaram dos recursos de terceiros e fizeram negócios, provavelmente, com características maldosas e, agora, cabe às autoridades avaliarem se houve má-fé", afirmou.

    "Isso acaba gerando um descrédito. São fundos importantes, mas não podemos julgar um sistema inteiro por causa de quatro entidades."

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