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    Operação sobre fundos pode atingir setor elétrico, sistema financeiro e até políticos

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    06/09/2016 12h14

    A Operação Greenfield, deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal para apurar fraudes em quatro fundos de pensão de estatais, tem potencial de causar estragos no setor elétrico e em setores do sistema financeiro numa primeira etapa e, depois, atingir políticos responsáveis por indicações de diretores nessas entidades.

    A avaliação é de investigadores envolvidos na operação realizada nesta segunda-feira (05), que tem como alvo os fundos Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios). Foram realizados o bloqueio de R$ 8 bilhões, que é a estimativa do rombo que teria sido provocado pelo esquema, e a prisão temporária de cinco gestores e ex-gestores destas entidades.

    OPERAÇÃO GREENFIELD
    PF deflagra ação para investigar fraudes

    No caso do setor de energia, o foco seriam principalmente investimentos realizados pelos fundos na construção de usinas hidrelétricas, como Belo Monte, e na estruturação da Sete Brasil. Nestes casos, os fundos, segundo avaliações preliminares da PF e do Ministério Público, teriam recebido ordens superiores do governo Lula para fazer aplicações nestes novos investimentos.

    Já no sistema financeiro, a investigação vai mirar nos agentes de bancos de investimentos que montavam as operações feitas para beneficiar empresas com os recursos dos fundos. Ainda não há provas de irregularidades, mas indícios de que alguns destes agentes fariam parte do esquema.

    Em relação à atuação de partidos, a Operação Greenfield não listou nenhum político na relação de investigados porque se trata de uma investigação autorizada pela primeira instância da Justiça. A expectativa é que, no decorrer das investigações, PF e Ministério Público apurem as ligações políticas do esquema e repasse este material para a Procuradoria Geral da República.

    A PF e o Ministério Público trabalham com a informação de que os fundos, dominados por indicações políticas, seguiam determinações superiores para direcionar seus recursos em projetos de interesses de alguns grupos empresariais, muitas vezes passando por cima de pareceres técnicos que apontavam riscos nestas operações.

    Durante o período dos oito projetos sob investigação, os fundos sofriam forte influência política. O Postalis tinha diretores indicados pelo PMDB. Petros, pelo PT, PP e PMDB. O Previ era um fundo ligado a petistas, mas também era foco de interesses do PMDB. O Funcef tinha diretores com ligações com o PT.

    Até o momento, a principal suspeita dos investigadores é que os fundos de pensão adquiriram cotas em oito fundos de investimento por valores "superfaturados". Não há ainda indicações de pagamento de propina, mas de gestão fraudulenta e temerária. A hipótese dos investigadores é que as empresas beneficiadas retribuiriam com doações de campanha.

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