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    Análise

    Montadoras mudam discurso e pedem medidas de longo prazo

    EDUARDO SODRÉ
    COLUNISTA DA FOLHA

    08/09/2016 02h00

    Jorge Araújo/Folhapress
    Pátio da montadora Hyundai tomada de veículos no ABC; produção voltou ao nível de 2004
    Pátio da montadora Hyundai no ABC paulista

    Alinhar-se a governos é praxe no setor; Mesmo nos períodos mais difíceis do segundo governo Dilma, não se ouviam críticas públicas à gestão

    A Anfavea (associação nacional das fabricantes de veículos) afina seu novo discurso. Sempre ponderada em seus posicionamentos políticos, quer demonstrar total apoio à gestão Michel Temer na Presidência, vista como "a hora da virada", segundo Antonio Megale, presidente da entidade.

    Alinhar-se a governos é praxe no setor. Mesmo nos períodos mais difíceis do segundo governo Dilma Rousseff, quando o estoque de carros era suficiente para quase dois meses de venda (o ideal é ter reserva para 30 dias), não se ouviam críticas públicas à gestão, mas se atribuía culpa à falta de confiança reinante. A novidade é o que a indústria automotiva espera receber agora.

    Subsídios ou incenti- vos pontuais, como a sequência de reduções de impos- tos que garantiu recordes de venda e rentabilidade entre 2003 e 2013, estão fora da pauta. A Anfavea sabe que repetir medidas desse tipo atrasaria qualquer rascunho de reforma tributária, fundamental para o fortalecimento do setor.

    Autoveículos no Brasil - Números do setor, em mil

    As montadoras querem uma política industrial de longo prazo, algo como dez anos, e etapas bem definidas. Seria um desdobramento do programa Inovar-Auto, mas com alguns ajustes nas metas.

    Outro ponto em questão é a mudança na legislação trabalhista. A associação não ousa falar em terceirizações em larga escala no chão de fábrica, mas propõe alternativas como os contratos de serviços especializados.

    O objetivo é reduzir gastos e também a insegurança jurídica das montadoras no que diz respeito às relações de trabalho em contratos temporários, que não raro terminam na Justiça.

    As conversas com o governo incluem ainda novos incentivos às exportações por meio de acordos comerciais. O ministro José Serra (Relações Exteriores) foi um dos primeiros a receber representantes das montadoras.

    Os próximos passos são sentar à mesa com Michel Temer e se aproximar de parlamentares na tentativa de aprovar medidas polêmicas, como as que mexem nas relações de trabalho.

    *

    DESEMPENHO DAS MONTADORAS

    Produção de veículos -24,7%

    Venda de veículos leves -24,4%

    Venda de caminhões -30,9%

    Emprego no setor -6,6%

    Exportações (em unidades) +20%

    (jan. a jul/16 ante jan. a jul/15)

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