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    Chefe anticorrupção da Camargo Corrêa é réu no caso Embraer

    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    09/09/2016 02h00

    Contratado no ano passado para promover medidas anticorrupção na Camargo Corrêa, o vice-presidente da empreiteira, Flávio Rimoli, tornou-se réu em processo que investiga o pagamento de propina a funcionários públicos da República Dominicana. À época ele era vice-presidente jurídico da Embraer.

    Rimoli, que foi chamado para a Camargo Corrêa após a empreiteira ser flagrada na Operação Lava Jato (que investiga corrupção na Petrobras), virou réu no processo que em que a Embraer é acusada de pagar propina a autoridades dominicanas durante a negociação de venda de oito aviões Super Tucanos à Força Aérea daquele país, entre 2008 e 2010, no valor de US$ 92 milhões.

    De acordo com as investigações, os executivos da Embraer autorizaram pagamento de US$ 3,5 milhões em suborno ao coronel da reserva da República Dominicana Carlos Piccini Nunez, que teria facilitado o negócio. Dois delatores apontam que Rimoli formalizou a propina em contratos forjados.

    No dia 25 de julho deste ano o Ministério Público Federal pediu para incluir Flávio Rimoli na denúncia feita contra outros oito acusados no esquema. No dia 29 de agosto o juiz Marcelo da Costa Bretas aceitou o pedido e ele agora é réu no processo.

    Rimoli, que trabalhou na Embraer até 2013, foi contratado a convite do presidente da Camargo Corrêa, Artur Coutinho, que também fez carreira na empresa de aviões. Ele é vice-presidente de governança corporativa, auditoria e "compliance" (controle interno) da empreiteira.

    INVESTIGAÇÕES

    Reportagem da Folha desta quinta-feira (8) mostrou que, além da República Dominicana, o governo americano investiga suspeitas de que a Embraer pagou propina para obter contratos na Arábia Saudita e na Índia.

    A empresa é investigada pelos EUA desde 2010, quando um contrato com os dominicanos despertou suspeitas dos americanos. Desde então, a investigação foi ampliada para examinar negócios em mais oito países.

    O coronel Piccini foi preso no último dia 10 de agosto pela participação no esquema. Também foram detidos o ex-ministro da Defesa dominicano Rafael Peña Antonio e os empresários Daniel Aquino Hernández e seu filho Daniel Aquino Méndez, que teriam utilizado empresas offshore para receber dinheiro de propina. Segundo as investigações, Peña e os demais envolvidos distribuíram dinheiro entre legisladores para que aprovassem o empréstimo e o contrato de compra.

    OUTRO LADO

    A Camargo Corrêa afirmou que não vai se manifestar sobre o fato de Flávio Rimoli ter virado réu no caso.

    Celso Vilardi, advogado de Rimoli, disse que não tinha ciência da denúncia contra seu cliente e por isso não iria se manifestar.

    Em comunicado sobre os resultados do trimestre divulgado no dia 29 de julho a Embraer informou que separou US$ 200 milhões para pagamento de uma multa que deverá ser definida em breve como consequência das investigações americanas.

    Em nota, a assessoria de imprensa da fabricante de aeronaves diz que "desde 2011, a Embraer tem informado publicamente que vem conduzindo uma ampla investigação interna e cooperando com as autoridades competentes. A companhia expandiu voluntariamente o escopo da investigação, reportando sistematicamente a evolução do caso ao mercado".

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