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    Temer diz que não cortará nenhum direito trabalhista e que combaterá críticos

    MARIANA HAUBERT
    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    14/09/2016 12h03

    O presidente Michel Temer afirmou que irá combater os críticos que acusam o seu governo de querer retirar direitos dos trabalhadores. Em um duro discurso nesta quarta (14), o peemedebista afirmou que irá desmentir versões "que correm pelas ruas" e que é desagradável imaginar que "somos um governo cidadão tão estupidificado, tão idiota que chega ao poder para restringir os direitos dos trabalhadores, para acabar com saúde e para acabar com educação".

    Temer pediu ainda que os deputados e senadores de sua base aliada usem as tribunas da Câmara e do Senado para rebater as acusações de que a proposta enviada ao Congresso para estabelecer um teto para os gastos públicos afetará o montante dos recursos destinados à saúde e educação.

    "E eu digo com isso, e peço licença para dizer que isso é inadmissível porque quando nós falamos em teto de gastos, estamos falando da totalidade dos gastos. Do teto de gastos públicos. É preciso que tenhamos consciência disso. Os deputados e senadores vão para a tribuna e contestem aqueles que possam eventualmente vilipendiar os fatos", afirmou.

    Temer participou de um evento no Palácio do Planalto nesta manhã em que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, apresentou as ações da pasta para a gestão da melhoria da saúde pública.

    IMBRÓGLIO

    Temer subiu o tom quando falou sobre o imbróglio causado pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que afirmou em reunião com sindicalistas que os trabalhadores poderiam ter uma carga horária de até 12 horas. O presidente rebateu a tese e explicou que a carga horária seria apenas para as categorias que aceitassem em convenção e com dias de folgas estabelecidos.

    "E o que bombou nas redes foi isso de que o governo estava exigindo 12 horas por dia. [...] Mas isso é o que interessou aos jornais, é o que se alardeia ou que se divulga, e se deixa de reproduzir a verdade dos fatos. Isso cria problemas para nós porque, convenhamos, é desagradável de imaginar que nós somos um governo cidadão que, com o perdão da palavra, tão estupidificado, tão idiota que chega ao poder para restringir os direitos dos trabalhadores, para acabar com saúde, para acabar com educação", disse Temer.

    A reação do presidente demonstra a preocupação do governo com o possível crescimento dos protestos contra ele no momento em que as reformas da Previdência e trabalhista forem enviadas ao Congresso nos próximos meses. A estratégia é tentar convencer a população que elas são imprescindíveis para o equilíbrio econômico do país.

    O presidente ressaltou também que as informações correm em velocidade muito maior hoje em dia por causa das redes sociais que, para ele, "têm poder extraordinário". "É preciso combatê-los e eu vou combatê-los. Não vamos permitir que se faça isso. Nós queremos, por acaso, o mal do país? Ao contrário", completou.

    O presidente voltou a falar que o país precisa passar por sacrifícios para recuperar a economia mas enfatizou que não irá "tirar direitos de ninguém".

    "Essas vozes todas desconhecem que a responsabilidade fiscal é pressuposto de qualquer sistema público, de saúde e educação. Desconhecem que a proposta do teto não obriga qualquer redução de gastos em saúde e educação. E que a volta do crescimento do país reverberá em financiamento mais abundante para os serviços públicos", disse após citar o programa de concessões lançado nesta terça (13).

    Mais cedo, Temer publicou em sua página oficial no Twitter um vídeo em que diz que o governo não impedirá o saque do FGTS em caso de demissão. "não há nenhum pensamento sobre esta matéria no governo. O FGTS continuará a exercer o seu papel como vem exercendo ao longo do tempo", disse.

    Temer destacou que os recursos recebidos por meio da contribuição dos trabalhadores para o fundo foram "utilíssimos" para a ampliação de moradias. Ele anunciou que serão aplicados mais de R$ 218 bilhões em habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana. "Vamos continuar a usar estes recursos para ampliar estas e outras atividades do poder público", disse. A criação do FGTS completa 50 anos.

    SAÚDE

    No evento desta quarta, que mostra uma tentativa do governo em investir em uma agenda positiva, o ministro Ricardo Barros anunciou um repasse de R$ 1 bilhão para financiamento de serviços de saúde como UPAs, Santas Casas e hospitais filantrópicos, além da compra de mais medicamentos para hepatite C.

    Os valores, disse, foram obtidos após corte de 417 cargos na pasta e renegociação de contratos e de preços de medicamentos adquiridos no exterior. O anúncio, no entanto, ocorre em meio a relatos sobre a possível mudança na configuração da equipe de ministros do governo após o impeachment.

    Nas últimas semanas, Barros gerou incômodo em auxiliares de Michel Temer devido a suas declarações polêmicas, como a de que "os homens trabalham mais do que as mulheres", e às rusgas frequentes com entidades em defesa do SUS.

    Temer, no entanto, deu um afago no ministro nesta quarta. "Todos sabemos que é um bom administrador. Quero promovê-lo a ótimo administrador", disse a Barros.

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