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    Dólar cai a R$ 3,27, na contramão do exterior, mas Bolsa recua 1,43%

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    16/09/2016 17h32

    Fernanda Carvalho/Fotos Públicas
    Investidores reagiram bem a apoio do chamado "centrão" ao governo Temer

    O mercado de câmbio brasileiro se descolou do cenário externo nesta sexta-feira (16), e o dólar caiu ante o real, para a casa dos R$ 3,27. Segundo analistas, os investidores reagiram bem ao fato de os deputados líderes do bloco chamado de "centrão" terem reafirmado seu apoio ao governo do presidente Michel Temer.

    "Temer se reuniu com o 'centrão' e deu mostras de habilidade e influência política após receber declaração de apoio", escreve a equipe de análise da corretora H.Commcor. "Este apoio é importante para que Temer comece as importantes reformas fiscais necessárias para colocar o país de volta na rota do crescimento", acrescenta.

    Além disso, Temer vetou o reajuste integral aos defensores públicos. Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, avalia que o veto "mostra mais empenho do presidente em cortar gastos", o que agradou ao mercado.

    Também influenciaram o câmbio declarações do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Outro motivo apontado por analistas para a queda do dólar foi o aumento do fluxo para o país por causa de uma captação de US$ 1 bilhão feita pela mineradora Vale junto a um grupo de bancos, garantida pelos embarques de minério de ferro para a Glencore, conforme a agência Bloomberg.

    O Ibovespa, entretanto, seguiu as outras Bolsas mundiais e fechou em baixa de 1,43%, em meio à cautela em relação à decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), na próxima quarta-feira (21), e ao recuo do petróleo.

    A inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) americano em agosto subiu 0,2%, acima das expectativas de alta de 0,1%, derrubando as Bolsas e fortalecendo a moeda americana frente à maior parte das moedas.

    Dados mistos sobre a economia americana vêm mexendo com o humor dos investidores. Na quinta-feira (15), dados de vendas do varejo e da produção industrial abaixo do esperado haviam reduzido as apostas de uma alta dos juros nos EUA neste mês.

    Os mercados também aguardam a reunião de política monetária do banco central japonês, também no dia 21, e há especulações de que podem ser anunciados novos estímulos monetários.

    CÂMBIO E JUROS

    O dólar comercial terminou a sessão em queda de 0,93%, a R$ 3,2710. Na semana, caiu 0,21%.

    A moeda americana à vista fechou em baixa de 1,29%, a R$ 3,2855; na semana, porém, acumulou ganho de 0,51%.

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    NOTAS DE DÓLAR

    Pela manhã, o Banco Central leiloou 5 mil contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 250 milhões.

    Os investidores repercutiram ainda declarações do presidente do BC, Ilan Goldfajn, sobre o estoque de swaps cambiais tradicionais, que correspondem à venda futura de dólares.

    Ilan disse, em entrevista à agência Reuters, que o BC enxerga menor espaço para redução do estoque de swaps cambiais tradicionais diante da perspectiva de aumento dos juros nos EUA. Ele afirmou ainda que o BC irá reduzir o estoque de swaps, hoje na casa dos US$ 36 bilhões, numa velocidade que não pressione o mercado.

    A percepção do mercado foi de que a autoridade monetária pode reduzir ainda mais as intervenções no câmbio, o que contribuiu para ampliar a queda do dólar nesta sessão. Desde quarta-feira (14), quando o dólar ficou acima dos R$ 3,30, o BC diminuiu pela metade a oferta diária de swap cambial reverso, de 10 mil para 5 mil contratos.

    No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,985% para 13,965%; o contrato de DI para janeiro de 2018 recuou de 12,590% para 12,540%; e o DI para janeiro de 2021 caiu de 12,120% para 12,080%.

    O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, porém, ganhava 0,63%, aos 273,642 pontos, acompanhando o movimento nos demais mercados emergentes.

    BOLSA

    O Ibovespa encerrou a sexta-feira em queda de 1,43%, aos 57.079,76 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,5 bilhões. Na semana, o índice acumulou queda de 1,59%.

    Influenciadas pelo recuo do petróleo, as ações da Petrobras caíram 2,59%, a 13,16 (PN), e 2,55%, a R$ 14,90 (ON).

    A commodity recuou mais de 1% por causa da expectativa de que Líbia e Nigéria elevem a produção.

    As ações da Vale recuaram 1,41%, a R$ 13,95 (PNA), e 1,38%, a R$ 16,41 (ON).

    No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 2,26%; Bradesco PN, -1,81%; Bradesco ON, -2,66%; Banco do Brasil ON, -1,70%; Santander unit, -1,86%; e BM&FBovespa ON, -0,75%.

    EXTERIOR

    Em Nova York, o índice S&P 500 terminou com perda de 0,38%; o Dow Jones, -0,49%, e o Nasdaq, -0,10%.

    As Bolsas europeias caíram em bloco, com o setor financeiro pressionado pela queda de 8,70% dos papéis do Deutsche Bank. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está cobrando US$ 14 bilhões do banco alemão para encerrar uma investigação sobre venda de títulos lastreados por hipotecas.

    O índice europeu Stoxx 600 de bancos recuou 2,10%. A Bolsa de Londres fechou em queda de 0,30%; a Bolsa de Paris perdeu 0,93%; Frankfurt, -1,49%. Madri, -1,00%; e Milão, -2,43%.

    As Bolsas chinesas não funcionaram por causa de um feriado prolongado e o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio avançou 0,70%.

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