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    Trabalhador jovem foi o mais afetado pelos cortes de vagas em 2015

    FERNANDA PERRIN
    DE SÃO PAULO

    17/09/2016 02h00

    O Brasil perdeu 1,5 milhão de postos de trabalho formais em 2015, uma queda de 3,05% em relação a dezembro do ano anterior, segundo dados do Ministério do Trabalho divulgados nesta sexta (16).

    Em termos absolutos, a redução é a pior de toda a série histórica, iniciada em 1985, e o primeiro resultado negativo desde 1992, quando houve fechamento de 738 mil vagas no mercado formal –queda de 3,2% ante o ano anterior.

    No total, o Brasil encerrou 2015 com 48,06 milhões de empregos com carteira assinada –em 2014, esse número havia sido de 49,57 milhões, o maior da série.

    Os dados fazem parte da Rais (Relação Anual de Informações Sociais). Diferentemente do Caged, a Rais leva em conta todos os vínculos formais (além de celetistas, também os temporários, estatutários e avulsos).

    O encolhimento do mercado de trabalho formal é consequência do aprofundamento da crise econômica.

    Dos oito setores analisados pela pesquisa, a agricultura foi o único que registrou expansão de postos, com alta de 1,41%. Já construção civil, indústria de transformação e comércio apresentaram as maiores quedas (14%, 7,4% e 2%, respectivamente).

    "Estamos observando um ajuste. O comércio, por exemplo, contratou muito enquanto a economia crescia. Vemos agora um refluxo desse boom, resultado da queda prolongada da atividade", diz Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista da FGV.

    Além do fechamento de postos, os rendimentos médios reais dos que permaneceram empregados caíram.

    A remuneração média no ano passado foi de R$ 2.655,60 ao mês –recuo de 2,56% na comparação com 2014.

    SEM VAGAS - Número de empregos formais no Brasil tem pior saldo desde início da pesquisa

    JOVENS

    Os trabalhadores jovens foram os mais afetados pelos cortes, enquanto entre os mais velhos houve uma expansão do emprego.

    Do 1,5 milhão de postos fechados, 1,1 milhão era ocupado por pessoas entre 18 e 24 anos. Em 2014, a magnitude da queda nesse grupo havia sido menor, com encerramento de 245,4 mil postos.

    Para economistas, os jovens sofrem mais porque são a parcela da força de trabalho menos qualificada, menos experiente e menos produtiva, além de representaram um custo de demissão mais baixo do que empregados com mais tempo de casa.

    "As empresas tendem a fazer esse ajuste nos trabalhadores em que fez um investimento menor", afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese.

    O fato de os jovens se concentrarem nos setores de comércio e serviços, que funcionam como porta de entrada para o mercado de trabalho e estão hoje entre os mais afetados pela retração econômica, também explica o baque maior nessa faixa etária, de acordo com Ganz Lúcio.

    Na outra ponta, houve uma expansão de 1,4% dos postos na faixa dos 50 aos 64 anos e de 8,6% acima de 65 anos.

    Embora os números sejam baixos em termos absolutos (108,8 mil e 45,6 mil, respectivamente), eles podem sinalizar uma retomada de confiança de alguns setores, que voltam a contratar trabalhadores qualificados.

    Outra explicação, menos otimista, é que pessoas que já haviam deixado o mercado voltaram à atividade pressionadas pela perda de renda de outros familiares –como aposentados que dependem dos filhos, diz Ganz Lúcio.

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