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    Estrela diz que mudança de produção para o Paraguai não afetará Brasil

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    22/09/2016 02h00

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Sao Paulo, SP, BRASIL, 20-02-2013 19h07:Detalhe do jogo Banco Imobiliario (da ESTRELA) com obras( questionaveis) do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes(Foto Eduardo Knapp/Folhapress.ESPORTES)
    Jogo Banco Imobiliário, da Estrela, com obras da Rio-2016

    Após decidir trocar a China pelo Paraguai como fornecedor de parte dos produtos que vende no Brasil, como anunciou na terça-feira (20), a fabricante de brinquedos Estrela afirmou que a mudança não ameaçará os 2.000 funcionários das três fábricas que ainda mantém no Brasil.

    "Estamos tirando emprego do chinês e trocando por paraguaio", afirmou o empresário Carlos Tilkian, controlador e presidente da empresa. "O brasileiro se mantém."

    A tradicional fabricante de brinquedos brasileira, que está perto de completar 80 anos e há décadas enfrenta a competição com rivais estrangeiros, quer produzir no Paraguai com pelo menos 40% de componentes feitos em outros países que compõem o Mercosul.

    Tilkian não revela qual parcela do produto importado da China será substituída. Segundo ele, as importações da Estrela sempre variaram conforme a oscilação do câmbio. No início do ano, quando a cotação do dólar chegou a bater em R$ 4, a importação caiu para 15% das vendas da Estrela. Em outros momentos, com o dólar barato, a relação já atingiu cerca de 40%.

    Segundo Synésio Batista, presidente da Abrinq (associação de fabricantes), de janeiro a agosto, todo o setor reduziu em 29,8% o volume dos importados.

    Ícones da Estrela, os carrinhos de controle remoto e jogos eletrônicos, como o Genius, serão produzidos no Paraguai. Quando é questionado porque não trouxe essa fatia da produção para o Brasil, em vez de transferir ao vizinho, Tilkian diz que o país "nunca teve uma política de desenvolvimento industrial".

    "Tem uma política trabalhista feita por Getúlio Vargas, que só agora o governo promete alguma inovação. Por isso fomos à China. Por isso vamos ao Paraguai."

    A escolha da Estrela replica dezenas de migrações de firmas brasileiras de outros setores, em busca de menor custo de energia e encargo trabalhista. O Paraguai tem a Lei de Maquila, que dá isenção fiscal a importação de bens de capital, elimina imposto de renda e estabelece taxação de 1% ao faturamento.

    Abalada por dívidas e competição chinesa, a empresa reagiu nos anos 90, ao ser comprada por Tilkian, executivo que dirigia a Estrela na época. Mas a travessia da crise atual não esta fácil. Até a popular linha da Peppa Pig, sensação de vendas em 2014, teve desempenho abaixo do previsto em 2015. No exercício de 2015, a companhia teve prejuízo de R$ 44,8 milhões, ante prejuízo de R$ 25,4 milhões em 2014.

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