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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Mercado 'ecologicamente correto' enfrenta custo alto de matérias-primas

    BÁRBARA LIBÓRIO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    25/09/2016 02h00

    Marcus Leoni/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 08.09.16 E 11h: A Cartone é uma empresa que fábrica de móveis feitos de papelão. banco de papelao (Foto: Marcus Leoni / Folhapress, ESPECIAIS)
    Banco da Cartone Design, que fabrica de móveis feitos de papelão

    A demanda por produtos reciclados, ecologicamente corretos, veganos ou de "design sustentável" não para de crescer. O cenário seria perfeito para empreendedores do setor se não fosse um porém: eles trabalham, em muitos casos, com matérias-primas que são mais caras que as convencionais.

    "Os preços de materiais mais sustentáveis são bem mais altos. Temos que repassar isso para o produto final e, às vezes, ficamos em dúvida se o consumidor vai aceitar", afirma a empresária Ana Carolina Cibotto de Carvalho Targa, 29, fundadora da Barauma, marca de calçados e acessórios veganos.

    Há três anos no mercado, a empresa busca matérias-primas que poluam menos e formas de impressão ecológicas. "É um processo que muitas vezes não anda na velocidade que queremos, porque dependemos de fornecedores externos", explica Targa.

    Na opinião de Renê Fernandes, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), essa é uma das principais dificuldades de quem inicia um empreendimento nesse segmento promissor.

    "Enquanto o empreendedor não ganha escala de produção, o processo fica mais caro que o tradicional. À medida que ele vai crescendo no mercado, consegue barganhar e negociar", afirma.

    Targa espera que isso aconteça logo. "Crescemos quase três vezes em 2015. Tivemos o retorno do investimento inicial, que foi de aproximadamente R$ 300 mil, ao final do segundo ano de operação. Começamos a lucrar desde outubro do ano passado."

    DESIGN DE NICHO

    Para Fernandes, uma das vantagens de empreender no setor é explorar um nicho. Segundo ele, nesse tipo de negócio há pouca competição, e o empreendedor explora um conjunto de consumidores que não tinha suas demandas atendidas.

    A vantagem, porém, pode virar um problema se não houver planejamento.

    "Há o risco de o negócio não ser sustentável a longo prazo, porque pode ser um nicho tão pequeno que o mercado acaba se esgotando rapidamente. A entrada de grandes empresas no ramo também é preocupante." É por isso que, para ele, ter visão de mercado é essencial.

    CUSTO-BENEFÍCIO

    "O produto sustentável tem que ser atrativo pelo preço e pela qualidade", diz Bruno Pellegatti, 36, fundador da empresa Cartone Design, que produz móveis de papelão. Ele afirma que o valor material das peças chega a ter mais peso para o consumidor do que o apelo sustentável.

    Em 2011, a empresa lançou sua primeira linha de produtos com sete móveis, entre cadeiras, mesas e banquinhos. Hoje, são quase 40, incluindo estantes, criados-mudos e mobília para crianças. A cadeira custa R$ 49,90 e suporta até 160 quilos.

    "O maior desafio do mercado de produtos sustentáveis é romper com a mentalidade vigente de grandes empresas do setor de explorar a sustentabilidade como moda e apenas tentar lucrar num curto espaço de tempo", afirma Pellegatti.

    A meta da empresa para este ano é faturar cerca de R$ 70 mil mensais com os móveis de papelão –além do negócio, Pellegatti também tem uma outra linha que produz caixas de papelão.

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