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    Disputa entre três conselheiros por presidência esquenta o clima no Cade

    JULIO WIZIACK
    DE BRASÍLIA

    25/09/2016 02h00 - Atualizado às 19h18
    Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Alan Marques/Folhapress
    Posto estará vago em janeiro com o fim do mandato de Márcio de Oliveira Júnior

    O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) virou palco de disputa interna desde que três conselheiros começaram a buscar apoio para chegar à presidência do órgão.

    O posto estará vago em janeiro com o fim do mandato de Márcio de Oliveira Júnior. O presidente Michel Temer está prestes a receber do ministro Alexandre de Moraes (Justiça) a lista de indicados.

    A disputa começou em junho quando a conselheira Cristiane Alkmin escreveu um artigo defendendo iniciativas do governo Temer para a retomada da economia. Seus colegas no Cade entenderam como um sinal de que ela estava em campanha.

    Nos bastidores, havia um acordo para que o conselheiro Gilvandro Vasconcelos tivesse o apoio interno.

    Indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff, Vasconcelos tem ligações com Gilberto Carvalho, ex-chefe da Secretaria da Presidência, e o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Ele ainda busca aproximação com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

    Por fora, corre o conselheiro Alexandre Cordeiro de Macedo, ligado ao senador Ciro Nogueira (PP-PI). Para os colegas de Cade, Macedo nega a intenção de ser presidente.

    O Cade é responsável pela defesa da concorrência. Ali estão prestes a serem julgados, por exemplo, processos envolvendo as empreiteiras da Operação Lava Jato.

    'BALBÚRDIA PROCESSUAL'

    Nas últimas sessões, o clima esquentou. Na discussão da cobrança de uma taxa pelo desembarque de cargas dos navios no porto de Santos (São Paulo), Alkmin pediu vista, medida prevista que permite ao conselheiro estudar melhor o caso antes de tomar decisão.

    Os conselheiros Paulo Burnier, relator do processo, e Alexandre Cordeiro de Macedo atacaram a conselheira, insinuando que ela tentava obstruir o julgamento.

    Macedo insinuou também haver conflito de interesse, ao afirmar que ela deveria conhecer o caso por já ter trabalhado para o grupo Libra, que opera no porto. Alkmin trabalhou como chefe do departamento de economia para a empresa que administra o patrimônio da família controladora do grupo Libra, e não na empresa operadora.

    Com o pedido de vista, Alkmin tem agora dois meses para apresentar seu voto e colocá-lo em julgamento.

    A confusão não terminou aí. Na sequência, Alkmin solicitou mais informações às empresas, um procedimento previsto no regulamento, mas que precisa ser previamente aprovado pelo conselho –o que só aconteceu depois.

    O presidente do conselho chegou a dizer que a situação tinha saído de controle e gerado "balbúrdia processual".

    Para evitar que o calor da disputa continuasse interferindo na composição da lista de indicados, o clima na sessão da semana passada foi mais tranquilo. Houve até troca de elogios.

    QUEM É QUEM NA DISPUTA - Os três conselheiros que brigam pela presidência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica

    OUTRO LADO

    A reportagem pediu entrevista aos conselheiros para que comentassem as articulações e os comentários nas reuniões, mas não quiseram se pronunciar. Eles afirmaram que as sessões são públicas e que o áudio está disponível na internet.

    Por meio de sua assessoria, o Cade informou que as divergências de opinião são comuns em um colegiado. "Essas divergências ocorrem entre todos os membros que compõem o tribunal em ocasiões diversas", disse o presidente Márcio de Oliveira Júnior, em nota.

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