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    Petrobras pretende unir térmicas em empresa e busca investidores

    NICOLA PAMPLONA
    DE DO RIO

    27/09/2016 02h00

    Depois de oferecer sem sucesso suas térmicas ao mercado, a Petrobras decidiu mudar de estratégia para vender os ativos. A ideia agora é agrupar todas as unidades em uma única empresa, para oferecer depois uma participação a outro investidor.

    A estatal tem hoje 20 usinas térmicas, com uma capacidade instalada de 6.239 megawatts (MW), de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

    Juntas, essas usinas formam a sexta maior empresa do setor elétrico, em capacidade de geração do país.

    A Petrobras chegou a oferecer ao mercado pacotes com usinas e terminais de importação de gás natural liquefeito (GNL), mas as negociações não andaram.

    Com a chegada de Pedro Parente à presidência da estatal, em maio, e a elaboração do novo plano de negócios, a companhia decidiu permanecer na atividade de geração de energia, mas agora em parceria com um novo investidor.

    Divulgado na semana passada, o plano prevê investimentos de US$ 74,1 bilhões nos próximos cinco anos (corte de 25% em relação ao plano anterior, de 2015) e estabelece nova meta de venda de ativos, de US$ 19,5 bilhões entre 2017 e 2018.

    Nesse processo, a Petrobras deixará de atuar nos segmentos de petroquímica, fertilizantes e biocombustíveis. E vai buscar parceiros para as outras atividades.

    No caso das térmicas, a empresa diz que vai reorganizar o negócio antes de tentar novamente a venda. De acordo com o diretor de refino e gás da estatal, Jorge Celestino, a ideia é colocar todos os ativos "sob um mesmo chapéu".

    "A gente é o sexto produtor de energia do país. O que estamos fazendo é consolidar todos os ativos embaixo de uma gerência para estudar como trazer parceiros para esse negócio", disse Celestino, em entrevista à Folha.

    Questionado se o objetivo é montar uma empresa de energia para vender sociedade, respondeu que "é esse o modelo".

    Novo arranjo

    MUDANÇAS

    A Petrobras, porém, espera convencer o governo a avançar em propostas de mudanças regulatórias para melhorar o valor dos ativos.

    Uma delas é a proposta de geração térmica na base, ou seja, durante todo o tempo, e não só quando o nível dos reservatórios das hidrelétricas está baixo.

    O debate sobre o tema ganhou força após a crise hídrica dos últimos anos. Seus defensores defendem que, com as restrições ambientais para a construção de mais barragens com reservatórios, o uso contínuo das térmicas a gás pode ajudar a reduzir o risco de seca nas hidrelétricas existentes.

    A resistência a esse modelo reside na possibilidade de aumento no custo das tarifas de energia, já que as térmicas a gás são mais caras do que as hidrelétricas.

    Nas condições atuais, o banco BTG Pactual estima que a estatal poderia arrecadar aproximadamente US$ 4 bilhões com a venda de suas térmicas.

    VENDAS

    Até agora, a companhia anunciou a venda de US$ 9,8 bilhões em ativos, incluindo atividades na Argentina, no Chile, ativos de distribuição e transporte de gás e o campo de Carcará, no pré-sal.

    As negociações fazem parte da primeira etapa do programa de desinvestimento, lançado em 2015, que prevê vendas de US$ 15,1 bilhões até o final deste ano.

    A venda de ativos e o corte nos investimentos integram o plano de antecipar para 2018 a meta de redução da alavancagem (relação entre dívida e geração de caixa) para 2,5 vezes, valor considerado ideal por agências avaliadoras de risco. Hoje, o indicador está em 4,49 vezes.

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