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    Governador do Espírito Santo vê erro de Temer em negociação com Estados

    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    26/09/2016 22h20

    Alan Marques - 2.mar.2016/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL 02.03.2016. O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, participa da assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta entre a União, os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo e a Samarco Mineradora S/A(FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), contrário à renegociação da dívida dos Estados

    Em meio a um ajuste fiscal que já leva dois anos, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB) diz que o governo federal errou no diagnóstico da crise financeira dos Estados ao acreditar que o problema principal era o endividamento excessivo.

    Hartung diz que o governo errou "feio" o alvo quando cedeu à negociação com os Estados mais endividados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

    "Está claro que não resolveu. Quando se vê uma carta assinada por metade dos Estados federados [insatisfeitos com o acordo firmado] é porque não resolveu. Precisamos de uma solução que resolva o problema agora, no mês que vem e no ano que vem", disse, durante uma palestra no Insper, em São Paulo.

    O núcleo da questão, afirma Hartung, são as despesas com pessoal da ativa e com aposentados. Ele foi contra a proposta de renegociação.

    "Alguns Estados que estão com a situação muito ruim, se tirar previdência, fica superavitário", disse. "Se um médico faz diagnóstico equivocado, prescreve o remédio errado. Há poucos dias, o diagnóstico do nosso problema era a dívida dos Estados com a União, chegavam a se dizer que era agiotagem. Eu disse que não era verdade, o problema são as despesas com ativos e inativos".

    O erro, afirma o governador, é resultado de uma decisão tomada durante o período de interinidade do governo de Michel Temer, seu colega de partido.

    "É uma decisão fruto da interinidade, que não foi boa. Tanto que um problema que parecia ter ido embora bateu na porta de novo", afirmou, em passagem na noite desta segunda-feira (26) por São Paulo. "O momento de interinidade é delicado para qualquer um, Pedro, Manuel, Paulo, José... Qualquer um que estivesse num governo interino teria dificuldade em conduzir o país".

    DÍVIDAS

    O Espírito Santo não está nem no grupo dos superendividados, como São Paulo e Rio, que ganham com a renegociação, nem dos Estados que pedem mais repasses, como os do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Mas está longe do que se pode chamar de conforto financeiro.

    Hartung foi eleito em 2014 para seu terceiro mandato, colocando fim à aliança que unia o PMDB, o PT e o PSB no Estado. Desde então, gasta parte de seu prestígio político em um ajuste fiscal que congelou os salários do funcionalismo (sem nem a correção da inflação), corte de comissionados e até de patrocínios.

    A crise não dá trégua. Neste ano, as receitas caem 13%, disse ele, já descontada a inflação.

    Questionado sobre qual deve ser a ação do governo —voltar atrás na proposta de renegociação ou ajudar os Estados— afirmou que se trata de "pasta do dente fora do tubo".

    "Agora é com base nessa realidade que temos que sentar e buscar o diagnóstico claro dos Estados, onde está o problema e construir uma solução sustentável", disse.

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