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    Fabricantes fecham acordos globais para exportar caminhões

    FERNANDO VALEIKA DE BARROS
    DE COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA,* DE HANNOVER (ALEMANHA)

    27/09/2016 02h00

    O Salão de Hannover, evento global do setor de veículos comerciais que termina na quinta-feira (29), tornou-se um balcão de negócios para a indústria nacional. Executivos buscam fechar acordos para exportar ônibus e caminhões, uma forma de aliviar a queda nas vendas internas.

    Segundo Roberto Cortes, presidente da divisão de pesados da VW no Brasil, a produção atual ocupa menos de 30% da capacidade da fábrica de Resende (RJ).

    O mesmo ocorre com a Mercedes-Benz: neste ano, a empresa tem fabricado, em média, 4.000 caminhões por mês nas unidades de Juiz de Fora (MG) e São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). Em 2013, eram 12 mil.

    "A meta é exportar 500 caminhões neste ano. Hoje, Nossos modelos são vendidos em mercados da América Latina, como Argentina e Chile, mas queremos expandir", diz Philipp Schiemer, presidente da Mercedes do Brasil.

    De acordo com dados da Anfavea (associação nacional das montadoras), as exportações de veículos pesados devem chegar a 28,6 mil unidades neste ano (alta de 1,4% na comparação com o ano passado), enquanto as vendas internas têm queda estimada em 25,3%, com 66 mil licenciamentos.

    Autoveículos no Brasil - Números do setor, em mil

    PARCERIAS

    O grupo Volkswagen é o que mais aposta em acordos comerciais para escoar sua produção. O conglomerado inclui as marcas Scania e MAN, o que facilita o estabelecimento de parcerias.

    "As exportações representam 15% de nossa produção de caminhões no Brasil, mas queremos aumentar esse volume para um terço dos modelos feitos no Estado do Rio. Todos os mercados emergentes nos interessam, e já há avançadas discussões para enviarmos veículos ao Oriente Médio", afirma Cortes.

    A empresa também investe na exportação de componentes nacionais. Segundo Cortes, a linha de montagem da VW na Nigéria, que será inaugurada em dezembro na cidade de Ibadan, será abastecida com peças brasileiras.

    Para se manter competitivo e atender especificações de diferentes mercados, é preciso investir. A Mercedes está aplicando R$ 70 milhões na construção de um campo de provas em Iracemápolis (a 157 quilômetros de São Paulo). A holandesa DAF, que chegou ao Brasil em 2011, não alterou seus planos.

    "Acreditamos na retomada do mercado brasileiro, tanto que pretendemos manter o nosso portfólio de produtos sempre atualizado", afirma Preston Feight, presidente da DAF. A marca pertence ao grupo norte-americano Paccar, que investiu R$ 1 bilhão para instalar-se em Ponta Grossa (PR).

    A Volkswagen também inaugurará um campo de provas junto com a fábrica fluminense, no fim do ano. Andreas Renschler, presidente mundial da divisão de ônibus e caminhões do grupo, acredita que o pior já passou.

    "Temos recebido sinais encorajadores do Brasil. O nível de confiança na economia aumentou nas últimas semanas, e a Bolsa de São Paulo está com uma sequência de altas", diz o executivo.

    Contudo, o presidente da filial brasileira ressalta que há muitos nós a serem desatados. Na opinião de Cortes, é preciso readequar taxas de juros e dar início a programas de renovação de frota.

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