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    Para FHC, Temer tem que divulgar ajuste e mostrar diferença com Dilma

    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    28/09/2016 10h38

    Ueslei Marcelino/REUTERS
    Para FHC, Temer tem que marcar diferença com governo anterior
    Para FHC, Temer tem que marcar diferença com governo anterior

    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou na noite desta terça-feira (27) que o governo de Michel Temer deve se empenhar na comunicação do ajuste econômico, sob pena de ser responsabilizado pelos erros da gestão anterior.

    "É sempre muito difícil pedir austeridade. É preciso dizer para quê austeridade", disse. "E a motivação, para conseguir mais resultados, falando politicamente, é que tem que ser em nome de mais igualdade".

    Os conselhos de FHC são para que o governo Temer "fale, explique, convença" a sociedade da necessidade dessa agenda de correção da economia, que ele considera "correta".

    "Há um caminho e tecnicamente já se sabe o que fazer. Os economistas também já sabem o que fazer na macroeconomia. A sociedade é que ainda não prestou muita atenção porque faltou o elo político, que significa falar, explicar", disse. "A sociedade se sente ainda perdida, nem sabe que essa agenda já existe."

    O ex-presidente disse que o governo Temer precisa se esforçar na comunicação não apenas com "o povão", mas com os parlamentares, a imprensa, as corporações para evidenciar a "ruptura" da antiga condução econômica da atual, sob pena de perder a disputa da comunicação e abrir espaço para o que chamou de retrocesso.

    "Os setores cruciais têm ser contaminados pela consciência da situação e tem que ver que tem saída", afirmou. "Se não tivermos a capacidade de transmitir isso ao país, uma outra narrativa vai se sobrepor e tudo o que foi feito de errado vai parecer que foi feito agora e não no passado."

    "Já temos experiência suficiente disso e de que há sempre possibilidade de retrocesso. Vimos recentemente um tremendo retrocesso com aplauso", disse, referindo-se provavelmente à política econômica do governo PT.

    "Num primeiro momento, quando se aumenta a dívida, se aumenta o investimento, se aumentam os salários e dá aplauso, quem vai pagar é depois", disse. "Estamos num momento crucial, pois neste governo há tempo de mudar a percepção das coisas e começar a dar alguns passos."

    FHC assistiu a seminário sobre a crise financeira dos Estados no Instituto Fernando Henrique Cardoso, com a presença da secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi. Ao fim das palestras, o ex-presidente disse que "há uma agenda e ela está correta".

    O ex-presidente afirmou ainda que ou a reforma da Previdência é feita em nome de mais igualdade ou não é feita. E disse que é responsabilidade do Executivo apresentar uma agenda para o Congresso.

    "O Congresso só funciona quando o Executivo tem uma agenda. Se não tem ou se ela não se torna pública, não pode contar com o Congresso", disse o ex-presidente. "O Congresso funciona à medida que há essa espécie de ignição de uma agenda apoiada pela sociedade".

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