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    Opep faz acordo para cortar produção; ações da Petrobras sobem 5,56%

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    28/09/2016 17h41

    Karim Sahib/AFP
    Homem em frente a terminal de óleo de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos
    Homem em frente a terminal de óleo de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos

    A notícia de que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) chegou a um acordo para cortar a produção pela primeira vez em oito anos surpreendeu os investidores nesta quarta-feira (28). Os preços do petróleo subiram quase 6% e impulsionaram ações de empresas do setor, como as preferenciais da Petrobras, que ganharam mais de 5,5%.

    O Ibovespa fechou em alta de 1,67%, e os índices acionários em Nova York também subiram. O dólar, que se fortalecia mais cedo, mudou de direção e passou a cair frente às principais moedas, incluindo o real.

    Em encontro realizado na Argélia, os membros da Opep decidiram limitar a produção para uma faixa entre 32,5 milhões e 33 milhões de barris diários, ou aproximadamente 750 mil barris diários a menos do que em agosto. O acordo foi confirmado pelo ministro iraniano do petróleo, Bijan Namdar Zanganeh, segundo a agência Bloomberg.

    Zanganeh declarou que alguns membros da Opep terão que cortar a produção, mas o Irã não estaria entre esses países. Os detalhes do acordo, porém, só devem ser definidos em novembro, quando o cartel se reúne novamente.

    O petróleo Brent para novembro, negociado em Londres, avançou 5,92% —o maior ganho percentual desde abril deste ano–, a US$ 48,69 o barril; o petróleo tipo WTI, negociado em Nova York, ganhou 5,33%, a US$ 47,05 o barril.

    As cotações do petróleo vêm sendo pressionadas por causa do excesso de oferta mundial da commodity. Há cerca de dois anos, o barril era negociado acima de US$ 100.

    A produção da Opep responde por cerca de 40% da oferta global.

    BOLSA

    As ações da Petrobras seguiram o movimento do petróleo e fecharam em alta de 5,56% —o maior ganho percentual em mais de três meses—, a R$ 13,85 (PN), e 4,64%, a R$ 15,33 (ON).

    Já o Ibovespa encerrou a sessão com ganho de 1,67%, aos 59.355,77 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,3 bilhões.

    Os papéis da Vale encerraram a sessão com ganho de 3,60%, a R$ 15,80 (PNA), e 3,35%, a R$ 18,19 (ON).

    No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subiu 0,71%; Bradesco PN, +0,60%; Bradesco ON, +0,59%; Banco do Brasil ON, +1,87%; Santander unit, +3,15%; e BM&FBovespa ON, +0,89%.

    As ações PNA da Braskem lideraram os ganhos do Ibovespa nesta quarta-feira, com +10,28%, após a petroquímica ter anunciado o pagamento de dividendos que totaliza R$ 1 bilhão. Os papéis da petroquímica também foram beneficiados pela prorrogação de direitos antidumping sobre produtos químicos produzidos por companhias brasileiras por até cinco anos, definido pela Camex (Câmara de Comércio Exterior).

    CÂMBIO E JUROS

    O dólar iniciou a sessão em alta frente às principais moedas, mas acabou perdendo força com a euforia do mercado após o acordo fechado pela Opep para limitar a produção.

    No Brasil, o dólar comercial encerrou a quarta-feira em queda de 0,30%, a R$ 3,2210. A moeda americana à vista, que encerra a sessão mais cedo, subiu 0,36%, a R$ 3,2458, antes do anúncio sobre a Opep

    Pela manhã, como tem ocorrido diariamente, o Banco Central leiloou pela manhã mais 5 mil contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 250 mihões.

    DÓLAR
    Saiba mais sobre a moeda americana
    NOTAS DE DÓLAR

    Jefferson Rugik, diretor de câmbio da Correparti Corretora, explica que a moeda americana se fortaleceu mais cedo por causa da ida da presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Janet Yellen, ao comitê de serviços financeiros da Câmara dos Deputados americana.

    "Yellen foi evasiva sobre quando os juros americanos devem começar a subir, mas mesmo assim o câmbio ficou pressionado", avalia Rugik. "Além disso, amanhã [quinta-feira] saem os dados finais do PIB americano e Yellen fala novamente em evento, o que concentrará as atenções do mercado", acrescenta.

    Por enquanto, a maior parte das apostas são de uma elevação dos juros nos EUA em dezembro.

    No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,775% para 13,750%; e o contrato de DI para janeiro de 2018 subiu de 12,150% para 12,160%. O contrato de DI para janeiro de 2021 recuou de 11,580% para 11,530%, renovando a mínima desde outubro de 2014.

    Segundo analistas, além da desaceleração da inflação, a expectativa de aprovação da PEC (proposta de emenda constitucional) dos gastos públicos entre 10 e 11 de outubro no plenário da Câmara, como quer o governo, amplia a possibilidade de corte da taxa básica de juros (Selic) já no próximo mês.

    "A aprovação da PEC 241 na Câmara abrirá espaço para o Copom [Comitê de Política Monetária] do Banco Central começar a cortar os juros em até 0,50 ponto percentual no dia 19 de outubro", escreve José Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos, em relatório.

    O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, recuava 1,87%, aos 268,138 pontos.

    EXTERIOR

    Em Nova York, o índice S&P 500 fechou com ganho de 0,53%; o Dow Jones avançou 0,61%; e o Nasdaq, +0,24%.

    Na Europa, as Bolsas fecharam em alta, antes da notícia do acordo da Opep.

    A Bolsa de Londres fechou em alta de 0,61%; Paris, +0,77%; Frankfurt, +0,74%; Madri, +0,60%; e Milão, +0,54%. Os investidores mais aliviados com a notícia de que o alemão Deutsche Bank vendeu sua unidade de seguros no Reino Unido. Havia preocupações quanto à saúde financeira do Deutsche, depois que o Departamento de Justiça americano cobrou US$ 14 bilhões da instituição para encerrar o caso envolvendo hipotecas.

    Na China e na Ásia, as Bolsas fecharam em queda.

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