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    Governo vai comparar contas públicas a finanças pessoais para defender teto

    VALDO CRUZ
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    30/09/2016 18h10

    "Equilibrar as contas públicas, isso é governar com responsabilidade." Com este slogan, o governo de Michel Temer deve colocar no ar, na próxima semana, uma campanha publicitária para tentar conquistar o apoio da população e do Congresso à proposta que cria um teto para os gastos públicos.

    A equipe do presidente chegou a avaliar um outro slogan, "Vamos tirar o Brasil do vermelho", que acabou descartado depois da avaliação de que teria um duplo sentido, podendo ser relacionado ao PT, que tem esta cor como um de seus símbolos.

    A estratégia da campanha publicitária foi aprovada nesta semana e, agora, serão produzidos vídeos e material para divulgação em TV, rádio, internet, jornais e revistas.

    A ideia é comparar a situação de caixa do governo federal com a administração das finanças das pessoas. Segundo os criadores da campanha, o alvo é mostrar que "ninguém pode gastar mais do que ganha, e o país não pode gastar mais do que arrecada".

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    Rahel Patrasso/Xinhua

    As peças publicitárias vão mostrar que o governo deve fechar este ano com um rombo nas contas públicas de R$ 170,5 bilhões e que isto aconteceu porque a União passou a gastar muito mais do que consegue arrecadar, fazendo a economia entrar em recessão e gerar desemprego.

    A campanha vai bater ainda na tecla de que a criação do teto dos gastos públicos, que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior, não irá reduzir as verbas atuais destinadas para saúde e educação.

    O governo quer passar também a mensagem de que a aprovação da emenda constitucional que cria o teto vai resultar em "mais eficiência" e "melhor gestão" do Estado.

    Além da peça de publicidade, o Planalto está produzindo material como gráficos e tabelas que serão distribuídos a deputados e senadores por técnicos da Fazenda.

    Auxiliares do presidente Michel Temer acreditam que o didatismo e a tese de eficiência e responsabilidade fiscal surtirão efeitos para a aprovação da medida.

    VERMELHO

    Na peça rejeitada, a palavra Brasil aparecia numa área em vermelho. Um locutor então falava o slogan "vamos tirar o Brasil do vermelho" e, aos poucos, as letras subiam para uma área em azul.

    A ideia era mostrar que o governo Temer trabalha para acabar com o deficit nas contas públicas, ou seja, tirar o país do vermelho. E colocá-lo no azul, no positivo.

    A equipe de Temer desistiu da ideia porque poderia passar a imagem de que o governo queria aproveitar para dar outro recado, de que iria acabar com os partidos de esquerda no país, incluindo o PT, já que essas legendas costumam usar o vermelho em suas bandeiras.

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Sao Paulo,SP,Brasil 16.12.2015 Manifestacao contra o impeachment organizado pela CUT e outros movimentos sociais Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress cod 1656
    Planalto avaliou que slogan sobre "vermelho" poderia ser associado a petistas e partidos de esquerda

    PREVIDÊNCIA

    Depois do teto, o governo vai colocar no ar também uma campanha publicitária para defender a necessidade de se fazer uma reforma da Previdência Social.

    O Palácio do Planalto queria divulgar a campanha já nas próximas semanas, mas foi avisado, por sua área jurídica, de que decisões judiciais proíbem a veiculação de publicidade de propostas que ainda não foram adotadas oficialmente.

    Ou seja, apenas quando a reforma for enviada ao Congresso é que as peças publicitárias sobre a reforma previdenciária poderão ser veiculadas.

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