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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Financiamento deve levar em conta qual o estágio do negócio

    ANNA RANGEL
    DE SÃO PAULO

    05/10/2016 02h00

    Marcus Leoni / Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 29.09.216 15h30 A empresa agendor conseguiu captar com um investidor anjo e teve sucesso na trajetória de crescimento. O empresario Gustavo Paulillo. (Foto: Marcus Leoni / Folhapress, ESPECIAIS)
    O empresário Gustavo Paulillo recebeu aporte de investidor-anjo na sua empresa, Agendor

    Depois da abertura, o próximo passo no ciclo de vida da empresa é garantir o financiamento. Quem tem urgência em receber pode recorrer aos bancos, mas há outras opções, como investidores e até bolsas para inovação.

    Cada estratégia deve levar em conta em que fase está o negócio, segundo Thiago de Carvalho, professor de empreendedorismo do Insper.

    "É uma mistura de urgência na captação, modelo de negócio e disposição para ceder uma parte do controle ao investidor", afirma. No início, ele aconselha o uso de recursos próprios ou de um investidor-anjo, que pode auxiliar na gestão (veja cada tipo de investimento ao lado).

    O "anjo" foi a escolha da Agendor, que cria sistemas de gestão de relacionamento com o cliente para empresas. Ela recebeu R$ 1,2 milhão no final de 2014.

    "Como os investidores já têm experiência no setor em que atuamos, podemos trocar informações. O mais difícil é conciliar todas as ideias para tomar decisões", diz Gustavo Paulillo, 28, sócio da Agendor. O investimento inicial da empresa, do próprio bolso, foi de R$ 50 mil.

    O investidor ajuda, mas tem hora para sair do negócio, segundo o consultor do Sebrae-SP José Carlos Aronchi. "Ele vai estabelecer em quanto tempo receberá o valor investido, e entra já pensando nessa saída", afirma.

    SEM AJUDA

    A empresária Fabiany Lima, 37, não queria mentoria para gerir a TimoKids, que produz materiais educativos online. Assim, cedeu 15% da empresa para um grupo de investidores individuais pela plataforma de financiamento coletivo Broota. "Queríamos captar rápido e não ter interferência, o que já se previa no contrato", afirma ela.

    Em qualquer modalidade de captação, é preciso ter um plano de negócios formado, além de planejamento financeiro e projeções para os próximos anos, afirma Dariane Fraga, professora da FIA (Fundação Instituto de Administração)."Além de ter subsídios pra convencer um investidor, é preciso se organizar para pagar os dividendos a ele no momento da saída."

    Também há cada vez menos espaço para investimentos baseados apenas em uma ideia, afirma o diretor-executivo da ABStartups (Associação Brasileira de Startups) Rafael Ribeiro.

    "Algumas empresas pedem centenas de milhares de reais sem ter posto o produto na rua."
    Quem tem projetos de inovação pode pedir fundos governamentais de fomento, embora o processo possa ser demorado. "Sobra dinheiro nas agências do tipo e há oportunidades", diz Aronchi.

    Outra opção é o financiamento dos bancos, mas os juros podem desmotivar. Para isso, há alternativas mais baratas. "O BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] tem fama de inacessível, mas alguns bancos, como Caixa e Bradesco, podem intermediar o contato", diz o consultor do Sebrae-SP, Wagner Paludetto.

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    ALTERNATIVAS DA PEQUENA EMPRESA
    Há modalidades de financiamento e investimento dentro e fora dos bancos

    MICROCRÉDITO
    Bancos de varejo privados ou públicos emprestam valores pequenos, para complementar o investimento inicial ou para compra de materiais logo após a criação do negócio

    QUEM DEVE USAR
    Microempresas ou de pequeno porte, que dependem de baixíssimo investimento inicial

    EMPRÉSTIMO CONVENCIONAL
    Trata-se da modalidade mais comum de captação, principalmente se há urgência para receber os recursos. Não é preciso prestar contas sobre a gestão para o banco, mas é imprescindível ter um planejamento financeiro para não se enforcar com as taxas de juros, que são altas

    QUEM DEVE USAR
    Negócio já estruturados, capazes de fazer um planejamento para pagar a dívida

    FUNDOS DE INOVAÇÃO
    A Fapesp, o Finep e o Sistema S são os maiores fundos do tipo. É preciso submeter um projeto, mesmo que incipiente, de um produto ou serviço que traga inovação à cadeia produtiva. Há opções na qual o empreendedor não precisa arcar com a dívida caso a iniciativa não dê certo. O primeiro aporte pode chegar a R$ 200 mil e subir a até R$ 1 milhão em rodadas posteriores. Algumas instituições abrem editais para todos os setores e oferecem chamadas periódicas para protótipos.

    QUEM DEVE USAR
    Organizações de pequeno e médio porte que investem em soluções inovadoras, mesmo que em estágios iniciais

    INVESTIMENTO ANJO
    É o aporte efetuado por pessoas físicas com capital próprio, em geral empreendedores já consolidados, e que participam das decisões da companhia. O investidor injeta capital em empresas que podem devolver um alto retorno sobre o valor inicial, por um período determinado de tempo estabelecido em contrato

    QUEM DEVE USAR
    Essa modalidade é indicada para quem tem uma empresa já estruturada, mas precisa de ajuda para viabilizar seu crescimento

    INVESTIMENTO PRÓPRIO
    Os empreendedores tiram dinheiro do próprio bolso e se pagam com o retorno do investimento inicial. Nesse caso, o próprio lucro do negócio é reinvestido no crescimento. Valores aportados por amigos e familiares para alavancar a empresa logo no início, com pagamento de juros baixos, sem garantias nem participação societária, também se encaixam nessa categoria

    QUEM DEVE USAR
    Indicado para as fases iniciais da empresa, quando o empresário não quer ceder parte do controle

    FINANCIAMENTOS
    Há opções no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com taxas de juros mais baixas que as de mercado, mais tempo para saldar a dívida e abertura para renegociação em caso de inadimplência. Bancos públicos, como a Caixa, e alguns privados fazem a intermediação

    QUEM DEVE USAR
    Destinado a quem quer aumentar a capacidade produtiva sem ceder
    uma fatia da empresa

    EQUITY CROWFUNDING
    Diferente do crowdfunding comum, no qual o investidor recebe brindes ao contribuir, nessa modalidade é oferecida uma participação da própria empresa em troca do investimento feito por um grupo de usuários com intermédio de sistemas como Broota, StartMeUp e EuSocio

    QUEM DEVE USAR
    Empresas mais avançadas, em fase de crescimento acelerado. O apelo é maior para organizações com impacto social

    FUNDO DE INVESTIMENTOS
    É o aporte de capital realizado por grupos financeiros para apoiar negócios em troca de uma participação acionária. Nesse caso, os investidores também participam das decisões e em geral oferecem consultoria para ela cresça mais rápido

    QUEM DEVE USAR
    Empresas já consolidadas e com faturamento significativo, já que o investimento é alto. Os fundos não apostam em ideias ou organizações em estágios iniciais

    Fontes: Sebrae-SP, Associação Brasileira de Startups e Thiago de Carvalho, professor de empreendedorismo do Insper

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