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    Após eleições, mercado financeiro reage com euforia aos resultados

    EULINA OLIVEIRA
    ÉRICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    04/10/2016 02h00

    O fortalecimento dos partidos da base aliada do presidente Michel Temer (PMDB) e o enfraquecimento do PT nas eleições municipais foram recebidos com entusiasmo pelo mercado financeiro.

    O real teve a maior valorização frente ao dólar entre as principais moedas nesta segunda-feira (3), alcançando o patamar de R$ 3,20.

    O Ibovespa subiu 1,87%, descolando-se da Bolsa de Nova York, que recuou durante toda a sessão.

    Os juros futuros —que indicam o retorno de aplicações financeiras e pesam em decisões de investimentos produtivos— tiveram forte queda.

    A interpretação do mercado foi que a rejeição dos eleitores ao PT mostrará a investidores estrangeiros que é equivocada a visão de que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe.

    Analistas econômicos também concluíram que o recado das urnas foi que as reformas propostas pelo governo federal, como a adoção de um teto para o aumento dos gastos públicos e mudanças na Previdência, são chanceladas pela maioria da população.

    André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, ressaltou, por exemplo, que a inesperada vitória do tucano João Doria no primeiro turno em São Paulo "passa uma mensagem forte a Brasília de que as reformas econômicas têm sinal verde da principal capital do país".

    Cientistas políticos relativizam essa leitura, ressaltando que a natureza da campanha municipal difere muito da essência das eleições para o Congresso, que só será renovado em 2018 e de quem o governo depende para que sua agenda seja aprovada.

    "Acho a leitura do mercado exagerada. Embora a eleição tenha sido um sinal horrível para o PT e bom para os partidos da base aliada, ela não muda o balanço de forças no Congresso", diz João Augusto de Castro Neves, diretor da consultoria Eurasia.

    Ele acrescenta que, no pleito municipal, o eleitor vota com foco em questões mais paroquiais, ao contrário das eleições nacionais em que a ideologia tem maior peso.

    "O mercado teve reação parecida quando o impeachment foi aprovado. Num primeiro momento reagiu com euforia, como se aquilo resolvesse tudo. Depois, viu que não e os preços se ajustaram", afirma Neves.

    A Eurasia acredita, no entanto, que a proposta de limite ao aumento dos gastos públicos tem 80% de chance de passar no Congresso neste ano. A probabilidade de aprovação da reforma da Previdência em 2017 seria menor, em torno de 60%, e com risco maior de ser diluída em relação à proposta do governo.

    "Esperamos a adoção de uma idade mínima para a aposentadoria, mas a desvinculação de certos gastos do salário mínimo, por exemplo, é improvável", afirma Neves.

    Analistas do mercado acreditam que, mesmo que não seja um termômetro preciso do que ocorrerá no Congresso até o fim de 2017, o pleito municipal dá forte indicação de sua composição em 2018.

    "Estas eleições dão uma ideia de como será o jogo na eleição presidencial de 2018, com o PSDB ganhando força, em detrimento do PT", diz Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos.

    Apesar de ter perdido a eleição em cidades importantes, como o Rio de Janeiro, o PMDB se manteve com o maior número de prefeitos no país. O PSDB permaneceu como segunda maior força no cenário nacional. Já o PT perdeu mais da metade das prefeituras que obtivera nas eleições municipais de 2012.

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