• Mercado

    Wednesday, 01-May-2024 23:50:51 -03

    Mercado do Facebook dá errado e tem sexo, armas e filhote de porco-espinho

    JONAH ENGEL BROMWICH
    DO "NEW YORK TIMES"

    05/10/2016 12h21

    Mark Lennihan/AP Photo
    Facebook lançou a seção Marketplace de seu site
    Facebook lançou a seção Marketplace de seu site

    Na manhã de segunda-feira (3), o Facebook lançou a seção Marketplace de seu site, na forma de um aplicativo móvel que permite aos usuários comprar e vender coisas junto a amigos e desconhecidos.

    Na noite do mesmo dia, o gigante das redes sociais já estava se desculpando por problemas com o serviço, que registrou alguns posts que não pareceriam estranhos no mercado on-line clandestino Silk Road, fechado em 2013 por ação do FBI (Polícia Federal americana).

    Drogas ilegais. Cachorros. Armas. Serviços sexuais. Filhotes de porco-espinho. Vender tudo isso no Facebook contraria as normas de comércio do site. E cada uma dessas coisas estava disponível no Marketplace, segunda-feira.

    Mary Ku, diretora de gestão de produtos do Facebook, que havia alegremente anunciado o app Marketplace em um post no blog da empresa no começo do dia, divulgou um comunicado no qual afirma que uma questão técnica havia impedido que o sistema de revisão do Facebook identificasse posts que violavam as normas comerciais da empresa e os padrões de sua comunidade.

    Ela disse que a questão havia levado "alguns posts com conteúdo que viola nossas normas" a ficarem visíveis para os usuários.

    "Estamos trabalhando para resolver os problemas e monitoraremos de perto nossos sistemas para garantir que estejamos identificando devidamente e removendo violações antes de permitir que as pessoas retomem o acesso ao Marketplace", ela afirmou. "Pedimos desculpas pelo problema".

    No seu post da manhã de segunda-feira, Ku havia informado que o Marketplace foi introduzido porque a empresa reconhece que seus usuários vêm comprando e vendendo produtos e serviços por meio de grupos do Facebook. Ela escreveu que "mais de 450 milhões de pessoas visitam grupos de compra e venda a cada mês".

    Os usuários que compram e vendem produtos por meio desses grupos também estavam violando as normas de comércio da empresa. Em julho, Mike Monteiro, um web designer que iniciou uma campanha para ajudar a fiscalizar a rede social em busca de vendas de armas, disse ter denunciado cerca de 500 posts ou grupos que violavam as normas do Facebook quanto à venda de armas, no mês passado, e que a companhia havia removido cerca de dois terços deles.

    O Facebook desfruta de vantagens naturais como mercado on-line. Seu propósito central como rede social permitiria que os usuários evitassem com mais facilidade os desconhecidos anônimos e as transações duvidosas que estão disponíveis em sites como o Craigslist, que permite posts anônimos.

    E de acordo com os resultados da empresa para o primeiro trimestre deste ano, o Facebook já ocupa porção enorme dos dias de seus usuários, o que torna qualquer serviço novo uma opção potencialmente atraente.

    Outras pessoas criticam o esforço do Facebook para criar um mercado. Dan Rosensweig, antigo executivo do Yahoo, expressou seu ceticismo em entrevista à rede de notícias CNBC na terça-feira.

    "Por que eu trocaria o mercado da Amazon ou o mercado do eBay ou qualquer outro mercado pelo do Facebook a não ser que eu imaginasse que posso vender mais ou ganhar mais dinheiro?", ele questionou.

    No mesmo programa, Mike Isaac, repórter de tecnologia do "New York Times", apontou que vem sendo difícil monetizar esse tipo de mercado, mas que a possibilidade de manter os usuários envolvidos com o Facebook justificava aceitar alguns problemas.

    O Marketplace está sendo introduzido gradualmente e não estava disponível para todos os usuários do app na segunda-feira. O Facebook planeja oferecê-lo para usuários dos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia em alguns dias, e ele estará disponível para os usuários que acessam via computador "nos próximos meses", afirmou a companhia.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024