Nacho Doce - 13.ago.2013/Reuters | ||
Trabalhadores na produção de automóveis da montadora Ford, em São Bernardo do Campo (SP) |
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Mercado
Thursday, 02-May-2024 02:33:00 -03Produção de veículos no Brasil cai 18,5% no acumulado do ano
FERNANDA PERRIN
DE SÃO PAULO06/10/2016 12h10 - Atualizado às 13h24
A produção de veículos recuou 18,5% no acumulado de janeiro a setembro deste ano frente ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados divulgados nesta quinta (6) pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
O número indica uma leve melhora da crise no setor. Em agosto, a queda no acumulado no ano havia sido de 20,1%.
Outros fatores que influenciaram o resultado, de acordo com Antônio Megale, presidente da Anfavea, foram a paralisação na produção de uma das associadas da entidade e a greve dos bancos, que levou o percentual de financiamentos de veículo cair para 51,9% —um dos valores mais baixos da série histórica.
Em comparação com setembro de 2015, a retração no mês foi de 2,2%. Em agosto, a variação anual havia sido de 18,4% —puxada pela paralisação na produção da Volkswagen por problemas com fornecedor.
Em números absolutos, a produção em setembro foi de 170,8 mil unidades. Com a reorganização da Volkswagen, a entidade espera que esse número supere as 200 mil unidades nos próximos meses. Em relação ao mês anterior, a queda foi de 3,9%.
As vendas, por sua vez, encolheram 22,8% no acumulado de janeiro a setembro em comparação ao mesmo período do ano passado. Em relação a setembro, a queda foi de 20,1% e, em relação ao mês anterior, de 13%.
Para Megale, os resultados mostram uma tendência de estabilização, mas ainda não indicam melhora no setor automobilístico. A recuperação vai depender da queda da taxa de juros e do avanço de medidas econômicas de ajuste fiscal, como aprovação da PEC do teto de gastos, segundo a entidade.
O mercado de automóveis como um todo continua caindo, mas a venda de veículos novos e seminovos voltou a crescer, diz Megale. Outro segmento que teve resultado positivo foi o de máquinas agrícolas, cujas vendas cresceram 22,2% em relação a setembro de 2015. No acumulado de janeiro a setembro, porém, houve queda de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
"O setor apresenta bons resultados apesar da quebra de safra que houve esse ano. A tendência é positiva. Nossa preocupação é que os recursos para financiamento estão se exaurido", diz Megale. Ele afirma que a entidade conversa o governo para garantir que não haja escassez de recursos para financiamento neste ano.
As exportações cresceram 19,6% entre janeiro e agosto frente ao mesmo período do ano passado. Em comparação a setembro de 2015, o aumento foi de 15,8%. Em relação ao mês anterior, porém, houve queda de 3,5%, influenciada ainda pela dificuldade de produção da Volkswagen.
Autoveículos no Brasil - Números do setor, em mil
EMPREGO
O nível de emprego no setor automobilístico recuou 6,7% frente ao mesmo mês do ano passado. Em relação a agosto, a queda foi de 1,1%.
O resultado reflete em grande parte os programas de demissão voluntária implementados por montadoras, afirma o presidente da Anfavea.
Por outro lado, houve em setembro o encerramento de Programas de Proteção ao Emprego (PPE), medida que permite às empresas reduzirem a jornada e o salário de empregados por um período determinado. Com a expiração desses programas, os trabalhadores voltaram ao ritmo normal.
"Algumas empresas já estão precisando produzir, então saíram do PPE. Outras fizeram os ajustes estruturais que precisavam e saíram do PPE", diz Megale.
Danilo Verpa/Folhapress Para Antônio Megale, presidente da Anfavea, resultados mostram tendência de estabilização PREVISÕES
As retrações mensais consecutivas no nível de produção acenderam um sinal de alerta na entidade, que avalia rever a projeção de produção para o ano.
"Estamos antevendo um risco do nível de produção anunciada para o ano. Vamos observar a evolução no mês de outubro para avaliar uma revisão desse número", afirma Megale.
A entidade espera que o setor recupere o fôlego apenas no ano que vem.
"Observamos que o ânimo do investidor está mudando. Com a aprovação dessas medidas, como o teto de gastos, essa retomada será mais rápida. Sem elas, a retomada vai acontecer, mas mais lenta", diz Megale.
A entidade espera para o ano que vem um crescimento do PIB de 1% a 1,5%, mas ainda não há uma projeção de produção e vendas do setor.
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