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    Lava Jato detona disputa societária no Rio

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    09/10/2016 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, acusado de receber propina no esquema de corrupção da estatal
    O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, acusado de receber propina no esquema de corrupção da estatal

    A citação de dois executivos do Grupo Peixoto de Castro (GPC) na Operação Lava Jato deu início a uma disputa societária entre a siderúrgica americana US Steel e o tradicional grupo carioca, que está em recuperação judicial.

    A US Steel tenta na Justiça afastar os executivos da GPC Participações (holding do grupo) do conselho da Apolo Tubulars, fabricante de tubos para o setor de petróleo que tem o controle compartilhado entre as duas companhias.

    Para isso, a americana cita uma cláusula de acordo que diz que um acionista não poderá participar da administração em caso de falência ou recuperação judicial.

    Na petição entregue à Justiça em agosto, afirma que os conselheiros "estão envolvidos no enorme escândalo da Operação Lava Jato, que agora ameaça também a Apolo".

    O texto refere-se a Carlos Eduardo de Sá Batista e Paulo César Peixoto de Castro, que ocupavam os cargos de presidente da Apolo Tubulars e presidente do conselho de administração da empresa.

    Os dois foram denunciados pelo Ministério Público Federal por pagamento de vantagens indevidas, no valor de R$ 7,1 milhões, ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque.

    Após a operação, a US Steel agendou assembleia de acionistas para tentar afastar do conselho os executivos indicados pela GPC por meio da controlada Apolo Tubos. A assembleia foi suspensa por liminar da GPC e o assunto está sendo discutido na Justiça.

    A GPC afirma que a US Steel aprovou a permanência dos conselheiros quando o pedido de recuperação judicial foi feito, em 2013, e não poderia voltar atrás agora.

    A americana reclama da defesa dos executivos está sendo paga pela companhia, ao custo de R$ 800 mil. Em julho, Sá Batista se afastou da presidência da empresa.

    A GPC não quis se manifestar, mas a Folha apurou que a disputa gerou uma guerra de acusações entre os acionistas da companhia.

    O Grupo Peixoto de Castro acusa o empresário Nelson Tanure de provocar a siderúrgica americana a tentar destituir o conselho da Apolo e tumultuar o processo de recuperação.

    Por meio da Sky Investments, Tanure trava uma batalha contra os controladores do GPC, empresa de 1929 que já foi dona da refinaria de Manguinhos e que hoje tem negócios nos setores petroquímico e de tubulações.

    Com aproximadamente 35% das ações, a Sky tenta assumir a gestão da GPC. Tanure repete a estratégia adotada em outras empresas em dificuldades, como a Oi, ampliando sua participação acionária até ter peso para tentar influenciar na gestão.

    Procuradas, a Sky e a defesa dos executivos não quiseram se manifestar. A US Steel disse que não tem comentários adicionais aos argumentos apresentados à Justiça.

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