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    Aprovação do teto de gastos reforça aposta na queda de juros, dizem analistas

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    11/10/2016 13h25

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Deputados favoráveis e contrários a PEC 241, que limita gastos públicos, levantam faixas e cartazes no plenário da Câmara, em Brasília (DF)
    Deputados favoráveis e contrários a PEC que limita gastos públicos, durante a votação

    A aprovação da proposta que limita o teto de gastos públicos, nesta segunda-feira (10), reforça aposta na queda na taxa de juros e as recomendações para investidores, dizem especialistas do mercado financeiro. Segundo eles, o ajuste no mix de aplicações em renda fixa (como títulos públicos) e ações ocorreu no início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff mirando os próximos anos.

    Naquela época, gestores e estrategistas passaram a recomendar que uma parcela de investimentos em renda fixa migrasse para papéis prefixados e que investidores dispostos a correr risco maior aumentassem as aplicações em Bolsa, mirando a perspectiva de recuperação da economia em 2017. Assim, seria possível tirar maior proveito do cenário de Ibovespa em alta e da tendência de queda nas taxas de juros.

    "Não muda o cenário de investimento. As condições de melhora estão por vir", diz Raphael Figueiredo, da Clear Corretora.

    TETO DE GASTOS PÚBLICOS
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    Deputados seguram placas durante votação da proposta que limita gastos públicos

    "Por ora, o mercado vira mais uma página de incertezas. Isso que aconteceu ontem sugere um pouco mais de otimismo para o "kit Brasil", que é de Bolsa para cima, juros para baixo e câmbio de lado", reforça Rodrigo Marcatti, diretor do private banking do banco Fator.

    Os votos favoráveis de 366 deputados foram "emblemáticos" porque se aproximam da votação do impeachment, o que é uma primeira sinalização positiva do governo Temer, de acordo com Celson Plácido, estrategista-chefe da XP.

    O próximo passo, defendem os especialistas, é o fim da votação da PEC na Câmara (propostas de emenda constitucional precisam ser aprovadas em dois turnos) e no Senado, e votação da reforma da Previdência até o final do primeiro semestre de 2017. O governo Temer deve apresentar a proposta de mudanças no INSS após o segundo turno das eleições municipais.

    As medidas de ajuste fiscal, como são o teto de gastos e as mudanças na Previdência, já foram citadas pelo Banco Central como condição para o início da queda da taxa básica de juros da economia (Selic), hoje em 14,25% ao ano. A outra é a retração da inflação, que em setembro ficou no menor patamar para setembro desde 1998.

    A expectativa do mercado é de que a taxa básica recue para 13,75% ao final deste ano e que possa cair para 11% ao final de 2017, segundo projeções dos economistas ouvidos pelo Banco Central no Boletim Focus.

    Marcatti espera queda mais acentuada neste ano, para 13,50% ou até 13,25%. E para o próximo ano, se a economia demorar a reagir, os juros poderiam ir para abaixo de 11%.

    INVESTIMENTOS

    Investidores de perfil conservador devem manter investimentos em renda fixa pós-fixada porque isso elimina o risco da chamada marcação a mercado, que pode fazer o poupador perder dinheiro se precisar vender o papel antes do vencimento, segundo recomendação do banco Fator.

    Para quem tem certeza que não precisará do dinheiro pelo prazo do título, é possível migrar para papéis com taxas prefixadas e garantir a remuneração do investimento nos juros atuais.

    "O juro real ainda é alto. Hoje é possível contratar um CDB prefixado que rende 14% ao ano. A perspectiva para inflação em 2017 é de 5%. Isso significa juro real de 9%", diz Celson Plácido, estrategista-chefe da XP.

    Já nos títulos públicos, o Tesouro IPCA ainda paga rendimento real acima de 5% ao ano. Hoje o Tesouro Prefixado remunera 11% ao ano, uma taxa baixa comparada com as demais opções do mercado.

    Na renda variável, Plácido lembra que, ao ajustar os investimentos para uma mudança de governo, a corretora colocou na carteira recomendada bancos, empresas ligadas ao governo (como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras) e companhias do setor infraestruturas, que podem se beneficiar nos leilões de concessão.

    No entanto, aplicações em renda variável só são recomendadas a investidores dispostos a correr risco. E mesmo nesses casos, no máximo 50% dos recursos devem ser aplicados em ações ou fundos multimercados, de acordo com o banco Fator.

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