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    Vitória do governo reforça apostas de investidores na queda dos juros

    EULINA OLIVEIRA
    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    12/10/2016 02h00

    A aprovação da proposta do governo que limita o crescimento dos gastos públicos reforçou as apostas dos investidores na queda da taxa básica de juros da economia na próxima semana, quando o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne para avaliar o cenário econômico e a taxa Selic.

    Em seus últimos comunicados, o Banco Central apontou o avanço das medidas de ajuste das contas do governo como uma condição para iniciar a redução da taxa Selic, que está em 14,25% ao ano desde julho do ano passado.

    No mercado de juros futuros, em que os investidores buscam proteção contra flutuações das taxas de juros, contratos foram fechados nesta terça-feira (11) com taxas equivalentes a 12,659% para janeiro do próximo ano e 12% para janeiro de 2018.

    Analistas esperam uma redução de pelo menos 0,25 ponto porcentual na taxa Selic na próxima reunião do Copom. Alguns, como os economistas José Francisco de Lima Gonçalves e Júlia Araújo, do banco Fator, esperam um corte de 0,5 ponto.

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    O comportamento recente da inflação, que cedeu com a queda dos preços dos alimentos em setembro, já havia reforçado antes o otimismo dos investidores. Se não baixar os juros na próxima semana, o Banco Central terá outra oportunidade neste ano na reunião do Copom de novembro.

    As melhores perspectivas para a economia brasileira também se refletem na Bolsa brasileira, que já subiu 4,55% neste mês. Analistas apontam a volta dos investidores estrangeiros ao mercado de ações como um sinal positivo.

    Somente na primeira semana de outubro, a Bovespa registrou entrada líquida de R$ 1,85 bilhão em capital externo, descontadas as retiradas de recursos pelos investidores. Em setembro, houve saldo negativo de R$ 1,97 bilhão.

    "Os investidores estão mais confiantes com o ajuste fiscal, ainda mais após as eleições municipais, que enfraqueceram o PT e fortaleceram os partidos da base aliada do governo", afirma o economista Guilherme Lerosa, da Lerosa Investimentos.

    O analista Rafael Ohmachi, da Guide Investimentos, destaca também a recente aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei que acabou com a obrigatoriedade de a Petrobras participar de todos os campos do pré-sal. "A postura pró-mercado do governo vem atraindo os investidores", diz. As ações preferenciais da Petrobras subiram mais de 13% neste mês.

    Nesta terça, no entanto, o Ibovespa fechou em queda de 1,05%, influenciado por notícias ruins no cenário externo, incluindo uma queda dos preços do petróleo e o aumento das apostas na alta das taxas de juros nos Estados Unidos.

    As cotações do dólar foram na contramão do exterior e terminaram em baixa ante o real, refletindo o otimismo local. A moeda americana à vista caiu 0,17%, a R$ 3,2078.

    INVESTIMENTOS

    Apesar da demonstração de força do governo no Congresso, a aprovação do teto dos gastos não levou os analistas a mudar suas recomendações para investimentos.

    Desde o início do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, estrategistas têm recomendado que uma parcela das aplicações em renda fixa migre para papéis prefixados e Bolsa.

    "O mercado virou mais uma página de incertezas. O que aconteceu ontem sugere um pouco mais de otimismo para o kit Brasil, que é de Bolsa para cima, juros para baixo e câmbio de lado", diz Rodrigo Marcatti, diretor de private banking do banco Fator.

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