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    Governos culpam crise por dificuldade financeira e pedem ajuda federal

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO
    ESTELITA HASS CARAZZA
    DE CURITIBA
    PAULA SPERB
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO ALEGRE (RS)

    13/10/2016 02h00

    Os Estados atribuem as dificuldades à crise econômica e a investimentos recentes que incharam a folha salarial e criaram novas despesas.

    O governo do Rio de Janeiro chegou a decretar calamidade financeira em junho, para conseguir arcar com gastos das Olimpíadas.

    Na última quinta (6), congelou novos gastos pelos próximos 30 dias. O Estado diz enfrentar queda na arrecadação do ICMS e dos royalties do petróleo.

    No Rio Grande do Sul, o governo afirma que há um desajuste histórico das contas porque o "Estado gastou mais do que arrecadou e o deficit foi coberto por forte endividamento", diz o secretário da Fazenda, Giovani Feltes. "Não fomos nós que criamos a crise", afirma.

    Neste ano, apenas o deficit da previdência gaúcha será de R$ 9 bilhões. Para fechar as contas, vão faltar R$ 2 bilhões.

    Minas Gerais, que prevê um deficit de R$ 8,9 bilhões, vai decidir se continua parcelando os salários no final do ano.

    A secretaria da Fazenda afirma que, além da crise, a alta da inflação e do dólar impactaram no crescimento da dívida estadual.

    Para o governo do Mato Grosso, o problema se agravou no mês passado, quando a receita caiu e o obrigou a escalonar os salários.

    Muitos Estados argumentam que já tomaram medidas de ajuste para tentar driblar a crise, como corte de gastos, mudanças na previdência, cobrança de dívidas e combate à sonegação.

    Na opinião do gaúcho Feltes, a saída só será possível com a reação da economia brasileira e ajuda federal.

    Em evento recente, a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, demonstrou resistência à ideia: disse que os Estados vivem "uma crise anunciada", em especial com o aumento dos gastos com aposentados, e que o controle do aumento salarial se tornou "inexorável".

    Para ela, o setor público estadual precisa se tornar mais produtivo e investir em reformas na previdência, limitar gastos e fazer parcerias com o setor privado.

    "Renegociação, perdão de dívida ou outro tipo de ajuda financeira eventual não solucionará o problema dos Estados e vai agravar a percepção da deterioração fiscal no Brasil. Todos perdem", afirmou.

    Para o economista Aristides Monteiro Neto, do Ipea, o problema é que os Estados "estão no osso".

    "Essa crise não é de hoje. Faz tempo que eles estão cortando. Vão fazer o quê? Fechar hospital? Demitir pessoas? A lei não permite."

    Ele concorda que é preciso debater reformas, em especial a da previdência, e sugere, assim como Vescovi, mais articulação dos Estados.

    Mas, para ele, a União precisa sinalizar com uma estratégia de crescimento, com investimento e redução de juros, para combater a crise.

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