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    Fundos de ações no Brasil superam ganho obtido no Chile e no México

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    17/10/2016 02h00

    Marcos Santos/USP Imagens
    A retração do Brasil puxou o resultado negativo para a economia da América Latina. A expectativa para os países da região é de retração de 0,3% este ano. Para 2017, a previsão é de crescimento de 1,6%.No relatório Perspectiva Econômica Global, o Fundo Monetário Internacional diz que no Brasil a recessão é causada pela incerteza política, em meio às contínuas repercussões das investigações da Operação Lava Jato. O FMI acrescenta que as investigações na Petrobras estão sendo mais profundas e prolongadas do que se esperava.Para o fundo, a economia global deve crescer 3,4% este ano e 3,6% no próximo, dois décimos a menos do que o previsto em outubro.Na atualização feita ao relatório, o FMI justifica a revisão para baixo do crescimento mundial tanto em 2016 quanto em 2017 principalmente com o desempenho econômico dos mercados emergentes e das economias em desenvolvimento, como o Brasil. Fonte ABR - notas de real
    Notas de real

    A recuperação do mercado acionário brasileiro contribuiu para que os gestores de fundos de investimento que aplicam em papéis de empresas do país conseguissem resultados melhores do que colegas do Chile e do México.

    Levantamento realizado pela S&P Dow Jones Indices LLC, braço da agência internacional de classificação de risco S&P Global, analisou resultados obtidos até junho por fundos de gestão ativa, que escolhem as ações prometendo superar indicadores de referência do mercado.

    O levantamento comparou o desempenho dos fundos com indicadores elaborados pela própria S&P Dow Jones, que procuram representar os mercados acionários no Brasil, no Chile e no México.

    O estudo mostra que 52% dos gestores de fundos que têm como referência o índice S&P Brazil BMI —cuja carteira tem ações de empresas como Petrobras, Itaú Unibanco e Ambev— conseguiram superar o indicador no curto prazo, nos 12 meses até junho.

    No Chile, apenas 11,6% dos gestores ganharam mais do que o S&P Chile BMI. No México, o resultado foi um pouco melhor: 32,6% dos fundos conseguiram rendimento acima do S&P Mexico BMI.

    A Bolsa brasileira acumulou alta de 18,9% neste ano até junho. No mesmo período, o principal índice do mercado acionário chileno avançou 8,6%, pouco acima dos 6,9% do indicador mexicano.

    O contexto macroeconômico e político dos três países ajuda a explicar a diferença do desempenho. A economia brasileira entrou em recessão em 2014 e o país viveu meses de crise política, o que contribuiu para desvalorizar as ações de muitas empresas.

    A Bolsa voltou a se valorizar no Brasil neste ano, especialmente com o fim do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a expectativa de recuperação da atividade econômica.

    No Chile, dificuldades políticas enfrentadas pela presidente Michelle Bachelet não tiveram tanto impacto na economia. O governo tem lidado com protestos contra o sistema previdenciário e manifestações estudantis. Mesmo assim, o país cresceu 1,5% no segundo trimestre deste ano, em relação a 2015.

    O México foi o país com melhor desempenho entre os três: a atividade econômica cresceu 2,4% no segundo trimestre. A violência do narcotráfico afugenta as empresas, mas a proximidade com os Estados Unidos e seu gigantesco mercado consumidor ainda atrai os investidores.

    LONGO PRAZO

    Para Philip Brzenk, diretor global de pesquisa e design da S&P Dow Jones Indices, não é possível atribuir a melhor performance dos gestores de fundos no Brasil apenas à recuperação recente do mercado acionário do país.

    "Pode ter sido um melhor timing dos gestores brasileiros no curto prazo", diz. "No longo prazo, porém, o desempenho fica abaixo do indicador em todas as categorias."

    Quando se analisa um prazo maior, é possível perceber o impacto negativo de três anos de crise política e econômica, com perdas na Bolsa brasileira, sobre o desempenho dos fundos de ações.

    Mesmo nos fundos com gestão ativa, menos de 30% dos administradores conseguiram alcançar ganhos maiores do que o sugerido pelo indicador de referência, aponta o estudo. Em cinco anos, o percentual cai para 28% dos fundos analisados.

    "No longo prazo, um bom gestor de fundos precisa ter forte disciplina de investimento e um processo mais apurado para a escolha de seus ativos", afirma Brzenk.

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