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    Ganho com Lei das Estatais foi tímido, dizem especialistas

    WALTER PORTO
    DE SÃO PAULO

    21/10/2016 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 19-10-2016, 17h30: Mario Engler, Sergio Lazzarini, Paulo Miguel, Modesto Carvalhosa, Mariana Pargendler e Mario Schapiro, durante o 4º debate do ciclo de seminarios Ilustrissima FGV, sobre o papel das empresas estatais. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, ILUSTRISSIMA)
    Participantes do quarto encontro do ciclo de seminários Ilustríssima FGV

    Para resolver falhas de empresas estatais, mais importante que discutir sua privatização é melhorar o ambiente regulatório. A nova Lei das Estatais deu passos tímidos nessa direção.

    Essa foi a conclusão dos participantes do quarto encontro do ciclo de seminários Ilustríssima FGV, parceria da Folha com a Faculdade de Direito da FGV-SP, que discutiu o papel das estatais na economia brasileira –o debate foi mediado por Paulo Miguel, editorialista da Folha.

    O jurista Modesto Carvalhosa disse notar alto grau de corporativismo e autossuficiência nas estatais brasileiras, que "não têm relação com o interesse público".

    Para ele, as estatais não se justificam no atual cenário.

    Carvalhosa defendeu, no entanto, o reforço institucional como a solução "mais abrangente" para sanar a corrupção, apontando como medida fundamental a quebra da interlocução direta dos agentes públicos com as contratações privadas da estatal.

    Sérgio Lazzarini, professor do Insper, concordou que o fortalecimento das instituições é a melhor resposta para incrementar a eficiência das empresas.

    "Quando o ambiente institucional do país melhora, com travas a uma intervenção discricionária do governo, os custos caem. E as empresas públicas se comportam mais como privadas."

    O professor Mario Schapiro, da FGV Direito, citou a "incompletude do direito" como um fator que gera inseguranças e falhas institucionais nas estatais. Para ele, a defasagem entre a lei prescrita e a aplicada cria "um espaço enorme de incompreensão, que afeta de maneira significativa o mercado financeiro".

    Para o ex-procurador Mario Engler, professor da FGV Direito, a evolução da sociedade brasileira desde meados do século 20, quando surgiram as maiores estatais de viés desenvolvimentista, limitou o escopo delas.

    Mariana Pargendler, também professora da FGV, diz que as empresas públicas são pouco discutidas porque há "muito apego" a elas no país. E isso se refletiu no desenho "extremamente tímido" da Lei das Estatais, sancionada por Michel Temer em junho.

    Segundo Engler, a lei trouxe avanços. "As empresas são obrigadas a explicitar sua missão pública. É difícil admitir a existência de uma estatal sem essa missão, e às vezes é difícil identificar qual ela é."

    Ele disse que relegar toda a atividade econômica para a iniciativa privada não acaba com desvios. "Creditar essa relação promíscua só ao setor público não me parece correto. Tem cartéis na economia privada que levaram à captura desse setor."

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