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    Velocidade da aprovação das reformas tem 'excedido expectativas', diz BC

    DA REUTERS

    25/10/2016 08h58 - Atualizado às 10h38

    O Banco Central afirmou que a velocidade da aprovação das reformas do ajuste fiscal tem superado as expectativas, ao mesmo tempo em que adotou um tom mais duro em relação ao processo de corte dos juros básicos no país, segundo ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta terça-feira (25).

    Sobre o lado fiscal, o BC indicou que "há consenso no Comitê de que a velocidade no processo de apreciação das propostas de ajustes tem excedido as expectativas", mas destacou, por outro lado, que "a natureza longa e incerta do processo sugere que há, ao mesmo tempo, risco e oportunidade".

    A ata indicou que o BC seguirá acompanhando esses esforços atentamente. Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados deve votar em 2º turno a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que limita o crescimento dos gastos públicos, com ampla expectativa no mercado de nova vitória do governo.

    Para a economista da Tendências Alessandra Ribeiro, o tom da ata também foi de cautela em relação ao ajuste fiscal, na linha de "segurar o mercado nesse otimismo total". Ela lembrou que o BC destacou que as projeções para a inflação no cenário de mercado sugerem haver limites para o tamanho do corte.

    "Tudo para sinalizar que tem pontos que exigem mais atenção, apontando para ciclo mais cauteloso. Então (corte de) 0,25 em novembro está bem no jogo. E aí com as projeções apontando inflação na meta, acelera o processo", afirmou ela, que já tinha expectativa de redução de 0,25 ponto em novembro, aumentando o ritmo para 0,5 ponto na primeira reunião do Copom do ano que vem, em janeiro.

    INFLAÇÃO

    Segundo o Banco Central, há sinais recentes de pausa no processo de desinflação de serviços em ata do Copom (Comitê de Política Monetária).

    "Há sinais de uma pausa recente no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, o que pode sinalizar convergência mais lenta da inflação à meta", trouxe a ata. "Nesse contexto, uma maior persistência inflacionária requer persistência maior da política monetária", acrescentou.

    Segundo o BC, essa pausa já considera efeitos sazonais e se dá "em níveis cuja manutenção produziria trajetória de desinflação em velocidade aquém da contemplada no cenário básico do Copom".

    "Esse cenário pressupõe uma trajetória de queda gradual à frente. Dessa forma, os membros do Comitê ressaltaram que é necessário monitorar a retomada dessa trajetória", acrescentou o BC.

    Na última quarta-feira, o BC reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual, a 14% ao ano, primeiro corte em quatro anos, avaliando que uma flexibilização moderada e gradual é compatível com a convergência da inflação para a meta de 4,5% nos próximos dois anos.

    Em relação aos próximos passos que tomará, o BC repetiu que a magnitude do corte nos juros e possível intensificação de seu ritmo "dependerão de evolução favorável de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2017 e 2018".

    Também reiterou que para essa decisão irá avaliar a combinação de dois fatores: desinflação de serviços e evolução dos ajustes na economia.

    Na visão do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, o BC endureceu um pouco o discurso, indicando que há grande probabilidade de manter o ritmo de afrouxamento.

    "Ele chamou muita atenção para a inflação de serviços, se mostrou muito preocupado com isso", afirmou. "Ele deixou a porta aberta para acelerar? Deixou. Mas eu acho que no balanço ele está pesando um pouquinho mais para manter (o corte) de 0,25."

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