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    Crise entre Poderes gera cautela no mercado sobre PEC que limita gastos

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    26/10/2016 13h47

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em coletiva para falar sobre a Operação Métis
    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que criticou a Operação Métis

    A aprovação da PEC (proposta de emenda constitucional) que limita os gastos públicos em segundo turno na Câmara dos Deputados já era amplamente esperada pelo mercado financeiro. Mas o que tem gerado cautela entre analistas e investidores é a tramitação da proposta no Senado.

    O motivo é que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB) trocou farpas com a presidente do STF (Supremo Tribunal), Cármen Lúcia, e atacou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, por causa da Operação Métis, da Polícia Federal.

    Há temor no mercado de que a crise entre os Poderes atrapalhe o cronograma de votações da PEC.

    "O foco agora passa totalmente para o Senado, onde o governo buscará a aprovação [da PEC] em novembro", escreve o analista Celson Plácido, da XP Investimentos, em relatório. Segundo ele, o maior entrave está na disputa política entre o presidente da Casa e o ministro da Justiça por causa da Operação Métis, que resultou na prisão de quatro policiais do Senado.

    Renan chamou o ministro da Justiça de "chefete de polícia".

    Para a equipe de análise da Lerosa Investimentos, a aprovação da PEC nesta terça-feira (25) deixou o sinal amarelo ligado para o governo. "O placar ligeiramente desfavorável em relação ao do primeiro turno pode indicar uma preocupação em relação às próximas votações importantes para o ajuste fiscal."

    De acordo com a Lerosa, a crise entre o presidente do Senado e o STF tende a embutir cautela em relação à tramitação da PEC.

    RUÍDOS

    "Essa troca de farpas entre os Poderes tem gerado ruídos e causado um certo mal-estar no mercado", diz José Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos.

    Renan e Cármen Lúcia protagonizaram troca de farpas públicas nesta terça-feira. A presidente do STF cobrou respeito ao Judiciário, depois de o presidente do Senado ter chamado de "juízeco" o juiz Valisney Souza de Oliveira, que autorizou a prisão dos policiais legislativos.

    Temendo que o clima de animosidade entre Judiciário e Legislativo possa afetar o cronograma de votações no Congresso, o presidente Michel Temer entrou em contato com ambos para propor um diálogo entre os dois.

    Outro fator que pode acirrar a disputa entre os Poderes é que Cármen Lúcia marcou para o dia 3 de novembro o julgamento de uma ação que impede réus em processos no Supremo de ocuparem cargos da linha sucessória da presidência da República.

    Ela definiu a data de votação na sexta (21), antes de entrar em atrito com Renan, principal interessado nesse julgamento.

    Diante da cautela no mercado doméstico e do cenário externo desfavorável nesta quarta-feira (26), entre outros fatores, o dólar comercial operava há pouco em alta de 0,90%, a R$ 3,1340. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, caía 0,53%, aos 63.524,66 pontos.

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