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    Análise

    Recessão aumenta desistência por procura de trabalho

    ÉRICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    27/10/2016 12h50 - Atualizado às 16h20

    A deterioração do mercado de trabalho no Brasil vai muito além da manutenção da taxa de desemprego no patamar elevado de 11,8% desemprego entre julho e setembro deste ano.

    Existe outro movimento tão preocupante quanto o número alto de pessoas que gostariam de trabalhar, mas não conseguem uma ocupação.

    Trata-se da maior quantidade de brasileiros que parecem estar desistindo de procurar uma ocupação. Isso é medido pela chamada taxa de participação, uma relação entre o número de pessoas ocupadas ou buscando emprego (PEA) e a quantidade de brasileiros em idade para trabalhar (PIA).

    Taxa de desocupação - Por trimestre móvel, em %

    Essa taxa vinha caindo em anos recentes principalmente por causa do maior número de jovens que, com a melhora da renda de suas famílias, vinham se dedicando apenas aos estudos.

    A forte recessão –com suas consequências negativas sobre os salários e o nível de emprego levou a uma reversão desse movimento a partir do início do ano passado.

    Mais recentemente, no entanto, a tendência de queda na taxa de participação foi retomada. Depois de atingir 61,6% entre abril e junho deste ano, ela recuou para 61,2% no trimestre terminado em setembro.

    Dificilmente as pessoas estão desistindo novamente de procurar trabalho por "boas razões". A provável causa da mudança é o desalento, a falta de esperança de que a busca será bem-sucedida.

    Essa piora do ambiente laboral pode perdurar por mais tempo do que era esperado já que economistas têm postergado suas projeções de volta do crescimento econômico para o ano que vem.

    Quanto mais duradouro for esse cenário piores as consequências de longo prazo tanto.
    Trabalhadores que ficam fora do mercado deixam de acumular experiência e habilidades que aumentariam suas perspectivas futuras de renda, o que pode representar uma enorme perda de capital humano para o país.

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