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O empresário Abilio Diniz, que lança o livro "Novos Caminhos, Novas Escolhas" |
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Mercado
Thursday, 02-May-2024 21:24:07 -03Crítica
Abilio relata em livro banho no filho e saída do Pão de Açúcar
JOANA CUNHA
DE SÃO PAULO05/11/2016 02h00
Abilio Diniz viveu de tudo. Foi o menino pobre que ajudou o pai a construir fortuna com o Pão de Açúcar. Gordinho, saco de pancada na infância, achou no esporte o meio de ser respeitado.
Sofreu um violento sequestro em 1989. Enfrentou brigas com a família, salvou a empresa da quebradeira. Escreveu um livro, teve seis filhos, 17 netos, uma bisneta.
Mas uma atividade tão trivial, dar um banho em um filho, ele só experimentou aos 77, quando o caçula Miguel precisou de uma chuveirada numa viagem da família a Paris sem segurança nem babá.
"Minha prática era zero, mas ele mesmo cooperou", disse Abilio à Folha. A lacuna da experiência que considerou "incrível" ele atribui aos "momentos da vida".
Mas faz piada: "Tenho quatro filhos adultos e dois pequenos. A Ana, minha mais velha, diz: 'Pai, você podia dar banho no João', meu segundo filho, de 53 anos".
Os últimos 12 anos foram de transformações: além do novo casamento e dois filhos pequenos, a saída do Pão de Açúcar e o recomeço em outras companhias como Carrefour, BRF e Península foram relatados em primeira pessoa no livro "Novos Caminhos, Novas Escolhas" (Objetiva).
Como no best-seller anterior, "Caminhos e Escolhas", que vendeu 220 mil cópias, ele faz apologia da longevidade saudável. Com os últimos anos, vieram novas conclusões sobre a recomendação de um volume menor de carboidratos e esportes.
São esforços que o têm feito mitigar o envelhecimento. Sua aparência e desenvoltura não demonstram os seus 79 anos.
Questionado sobre a vantagem de ter disposição para continuar trabalhando em idade avançada num país que hoje discute a necessidade de reformar sua Previdência, Abilio evita fazer recomendações pessoais. Mas defende ser preciso adaptar as leis.
"A geração que vive hoje terá 30 anos a mais do que seus avós. As leis foram feitas para nossos avós. Tem de ajustar isso. Cada vez mais teremos mais idosos sem trabalhar, precisando ser mantidos pela Previdência, e menos gente trabalhando para pagar a conta do aposentado."
CEBOLA E DESPEDIDA
Religioso, Abilio usa as últimas páginas para publicar um "programa espiritual" com orações diárias. Também oferece ao leitor a transcrição de sua última fala a funcionários do Pão de Açúcar em 2012, momento que descreve com leveza, apesar de "odiar três coisas na vida: cebola, despertador e despedida".
Os anos anteriores, de disputa com os sócios franceses do Casino para acertar sua saída, foram pesados. Conforme já havia falado publicamente, seu erro foi não ter amarrado completamente o contrato.
"Eu e meus sócios tivemos uma ruptura. Isso não é inusitado. A nossa foi mais violenta, com dois anos de dificuldade. Para mim, ficou claro que não poderíamos continuar juntos e quem teria de sair seria eu."
Abilio conta que foi "um choque" para quem construiu a empresa, mas superado. Para ele, as primeiras versões da história, de que ele tentaria quebrar contratos, estão hoje "esclarecidas".
Novos Caminhos, Novas Escolhas Abilio Diniz Comprar "As pessoas, me atribuindo uma força que eu nem sei se tenho, como um cara que consegue tudo o que quer, desconfiavam. Isso nunca passou pela minha cabeça. Quando viram que eu saí só com a conversão das ações para poder vender no mercado e sem o 'non compete' [cláusula que o impediria de competir no setor], foi assim: 'Só isso?'. O tempo contou uma história diferente: ele entregou o controle direitinho e, quando saiu, levou só o que tinha direito."
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