• Mercado

    Saturday, 27-Apr-2024 17:18:15 -03

    eleições nos eua

    Dólar sobe 5% e tem maior alta em oito anos com Trump; Bolsa cai 3,25%

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    10/11/2016 18h42

    O dólar avançou mundialmente nesta quinta-feira (10), com a percepção dos investidores de que os juros americanos subirão de forma mais agressiva. No Brasil, a moeda americana subiu 5%, para o patamar de R$ 3,36. É a maior alta percentual desde outubro de 2008, em plena crise econômica global.

    Já o Ibovespa recuou 3,25%, pressionado principalmente pelos papéis de bancos e da Petrobras.

    Segundo analistas, a percepção do mercado é de que o presidente eleito dos EUA, o republicano Donald Trump, deve elevar os gastos públicos e cortar impostos para acelerar a economia do país. Desta forma, os juros americanos deverão subir de maneira mais rápida para evitar a aceleração da inflação com o aquecimento da economia.

    Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos, destaca que a leitura é de que o republicano será mais pragmático, e abandonará o discurso radical adotado durante a campanha. "No discurso da vitória, porém, o único ponto que ficou mais claro foi a intenção de Trump de investir em infraestrutura."

    Diante da forte volatilidade do câmbio em função da eleição presidencial americana, desde quarta-feira (9) o Banco Central não realiza leilões de swap cambial reverso. A operação equivale à compra futura da moeda americana, ou seja, retira dólares do mercado.

    Para conter a escalada do dólar, a autoridade monetária anunciou na noite desta quinta-feira que iniciará nesta sexta-feira (11) a rolagem dos contratos de swap cambial tradicional que vencem no próximo dia 1º de dezembro. A operação corresponde à venda futura de dólares. Vencem em 1 de dezembro montante equivalente a US$ 6,490 bilhões.

    CÂMBIO E JUROS

    O real teve a maior queda global nesta sessão. Além do cenário externo, operadores citam que um fator doméstico contribuiu para a alta expressiva do dólar ante o real e a forte queda do Ibovespa.

    A defesa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) anexou no processo que corre contra sua chapa no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) documentos que indicam que R$ 1 milhão que a empreiteira Andrade Gutierrez deu à sua campanha de reeleição em 2014 entraram pela conta do então candidato a vice, Michel Temer (PMDB).

    Conforme a coluna Painel, da Folha, cresce temor no governo de que ministro do TSE recomende cassação da chapa Dilma-Temer. "O efeito Trump é o principal motivo para a forte volatilidade no mercado, mas essa questão do TSE criou um novo risco", comenta Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.

    O dólar à vista fechou em alta de 5,01%, a R$ 3,3631. É a maior cotação desde 27 de junho deste ano (R$ 3,4119) e a maior alta percentual desde 22 de outubro de 2008, quando avançou 5,99%.

    No mercado de juros futuros, os contratos também tiveram forte alta, refletindo o movimento no câmbio. O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, saltou 10%, para 302 pontos.

    BOLSAS

    Em Nova York, o índice Dow Jones encerrou o pregão com ganho de 1,17%, atingindo recorde histórico de pontuação (18.807,88 pontos). O índice S&P 500 avançou 0,19%; o índice de tecnologia Nasdaq perdeu 0,81%.

    Na Europa, a maior parte das Bolsas fechou em queda. Já as Bolsas asiáticas tiveram forte valorização, refletindo a percepção de que a economia americana vai acelerar. O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio subiu 6,72%.

    O Ibovespa abriu no terreno positivo, mas inverteu o sinal, pressionado pelos papéis do setor financeiro e da Petrobras.

    O principal índice da Bolsa paulista fechou em baixa de 3,25%, aos 61.200,96 pontos. É a maior queda percentual desde 9 de setembro deste ano (-3,71%). O giro financeiro foi expressivo, de R$ 16,5 bilhões.

    Segundo operadores, o índice foi penalizado pelo movimento global de saída de ativos de risco e busca por proteção no dólar, em meio às expectativas de alta mais forte dos juros americanos.

    As ações do Bradesco recuaram 8,91% (PN) e 6,25% (ON). O lucro líquido ajustado do banco caiu 1,6% no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2015.

    As ações ordinárias do Banco do Brasil perderam 6,41%. O lucro líquido ajustado do banco público caiu 18,9% no terceiro trimestre deste ano na comparação anual, para R$ 2,337 bilhões

    "Os balanços de Bradesco e Banco do Brasil foram fracos, comparados aos de Itaú e Santander", comenta Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos, destacando a alta dos índices de inadimplência de BB e Bradesco.

    Ainda no setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 4,98%; Santander unit, -4,55%; e BM&FBovespa ON, -3,39%.

    As ações ordinárias da Petrobras recuaram 6,90% e as preferenciais perderam 4,98%, com os investidores à espera da divulgação do balanço do terceiro trimestre da estatal.

    Os papéis da Vale ganharam 8,21% (PNA) e 7,48% (ON), sustentados pela forte alta do minério de ferro na China pela quarta sessão consecutiva. O minério de ferro entregue em Qingdao subiu 4,42%, a US$ 74,12 a tonelada, maior cotação desde novembro de 2014.

    Ações de exportadoras de papel e celulose se beneficiam da forte desvalorização do real: Suzano PNA avançaram 13,57%; Fibria, +11,11%; e Klabin, +5,77%.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024