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    Incerteza nos Estados Unidos faz dólar subir quase 9% ante o real

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    15/11/2016 02h00

    As incertezas sobre o futuro da economia americana com o empresário Donald Trump na Casa Branca fizeram o dólar se valorizar de forma significativa novamente nesta segunda-feira (14).

    No Brasil, a moeda americana chegou ao fim do dia cotada a R$ 3,4458, com alta de 1,47%. Desde a eleição do republicano como presidente dos Estados Unidos, na última quarta-feira (9), o dólar já avançou 8,65% sobre o real.

    Esse movimento reverteu parte da valorização alcançada pelo real nos meses anteriores, motivada pela melhora das expectativas sobre a economia brasileira com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e sua substituição pelo presidente Michel Temer (PMDB).

    As cotações do dólar chegaram a ultrapassar a marca de R$ 4 no início do ano com o agravamento da crise política que levou ao afastamento de Dilma, mas depois recuaram. O saldo ainda é favorável à moeda brasileira. Desde o início do ano até esta segunda, o real se valorizou 13% em relação ao dólar.

    O dólar começou a subir com a eleição de Trump por causa das mudanças que ele deve fazer à frente da economia americana. Trump promete cortar impostos e investir em infraestrutura, aumentando gastos do governo e assim pressionando a inflação.

    Os analistas acham que isso levará o Fed, BC americano, a subir os juros mais rapidamente que o previsto nos próximos meses, o que contribui para valorizar o dólar.

    PERSISTÊNCIA

    Na avaliação da equipe de Temer, não há muito o que fazer neste momento, além de tentar reduzir a volatilidade da moeda americana e garantir a aprovação do teto dos gastos públicos neste ano.

    Na visão do Palácio do Planalto, acabou a previsibilidade do cenário econômico externo, que estava ajudando países em desenvolvimento como o Brasil a sair da crise.

    A ordem do presidente é persistir no plano adotado pelo governo, que prevê o reequilíbrio das contas públicas e regras mais amigáveis para investidores para tirar a economia brasileira da recessão em que afundou há dois anos.

    Pec dos gastos

    Para atenuar a valorização do dólar, o Banco Central renovou nesta segunda 15 mil contratos no mercado futuro de dólar, no valor total de US$ 750 milhões, uma operação que tem efeito equivalente a um aumento da oferta de moeda americana na praça.

    O efeito Trump ntambém fez os investidores rever suas projeções para os juros. Os economistas passaram a prever uma redução lenta da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, que o BC começou a cortar em outubro.

    Segundo o Boletim Focus, do BC, a estimativa do mercado é de que a Selic encerre o ano a 13,75%, após um corte de 0,25 ponto percentual na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central neste ano, prevista para o fim do mês.

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