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    Política monetária do Brasil não muda com eleição de Trump, diz presidente do BC

    MAELI PRADO
    DE BRASÍLIA

    16/11/2016 13h06

    O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, negou nesta quarta-feira (16) que a política monetária mudará por causa da eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

    "Nenhuma mudança é esperada", afirmou Goldfajn durante teleconferência a jornalistas estrangeiros. "A mensagem da última ata continua a ser válida", disse. Parte do mercado acredita que, com a eleição de Trump, o BC não será tão agressivo no corte da taxa básica de juros da economia como se pensava antes.

    O BC destacou, na ata do Copom divulgada no fim do mês passado, que há sinais recentes de pausa no processo de desinflação de serviços, adotando um tom mais duro em relação ao processo de corte da Selic e ressaltando que é preciso ter "persistência maior" na sua política.

    A entidade reduziu em outubro a Selic em 0,25 ponto percentual, a 14% ao ano, primeiro corte em quatro anos. A avaliação foi de que uma flexibilização moderada e gradual é compatível com a convergência da inflação para a meta de 4,5% pelo IPCA nos próximos dois anos.

    Ele declarou que como a autoridade monetária foi "cautelosa" e baixou o estoque de swap cambial (operação que equivale à venda de dólares no mercado futuro) para US$ 24 bilhões nos últimos meses –o montante já chegou a US$ 110 bilhões no passado–, possui estoque suficiente para atuar com tranquilidade no mercado.

    "É importante para nós manter os mercados trabalhando da forma correta, com liquidez, evitando excessos e isso é a razão porque Banco Central está muito atento do que está acontecendo nos mercados. Nós fizemos intervenções nos mercados exatamente com esses objetivos", declarou. "Saber que o estoque está relativamente baixo em relação ao passado nos dá conforto de ser um Banco Central que dá tranquilidade aos mercados".

    O presidente do BC classificou a volatilidade nos mercados internacionais após a eleição de Trump como "natural". "Devido à incerteza em relação ao cenário global, é natural ver alguma volatilidade nos mercados, e vimos isso em vários se não em todos mercados emergentes e também em alguns mercados avançados", disse.

    Goldfajn disse que é difícil saber se a atual volatilidade se manterá. "Levará um certo tempo para sabermos, mas não muito. Saberemos em breve [o que ocorrerá com a volatilidade dos mercados]", disse.

    Em outro trecho da entrevista, o presidente da autoridade monetária disse que "por algum tempo" todos discutirão os riscos potenciais trazidos ao mercado pela eleição de Trump. "Por algum tempo, eu diria alguns meses, todos discutiremos isso".

    Goldfajn disse ainda que o desemprego é uma consequência da queda de confiança na economia brasileira. "Vemos estabilização daqui para a frente, os mercados esperam recuperação no ano que vem".

    ATUAÇÃO

    Ilan disse ainda que as reservas internacionais do Brasil têm sido um "seguro" neste momento, e que não há patamar de câmbio para o BC.

    Ele repetiu ainda que o importante para o BC é manter os mercados operando de maneira apropriada e que os estoques de swaps cambiais tradicionais, que equivalem à venda futura de dólares, deram maior conforto para atuar nos mercados. O presidente do BC destacou que o regime de câmbio flutuante tem funcionado no país.

    O BC e o Tesouro adotaram ação conjunta na última segunda-feira (14) para reduzir a volatilidade nos mercados de câmbio e de juros futuros. A autoridade monetária anunciou mais leilões de swaps cambiais tradicionais, enquanto o Tesouro suspendeu os leilões de venda de LTN e NTN-F desta semana, anunciando leilões diários de compra de Notas do Tesouro, Série F (NTN-F).

    A atuação coordenada veio após a forte volatilidade nos mercados financeiros, com os investidores temerosos que a política econômica de Trump seja inflacionária e, assim, obrigue o Federal Reserve, banco central norte-americano, a elevar mais os juros na maior economia do mundo, com potencial para atrair recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro.

    Ilan disse que não sabe se período benigno para mercados emergentes acabou, mas ressaltou que os bancos centrais de países emergentes não estão tratando de ações conjuntas.

    Com Reuters

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