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    Brasil precisa aprovar ajustes para lidar com 'efeito Trump', diz Meirelles

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    16/11/2016 18h20

    Para enfrentar o "furacão Trump", o Brasil precisa "fazer seus ajustes o mais rápido possível", afirmou nesta quarta-feira (16) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

    O tsunami mundial provocado pela vitória de Donald Trump nos EUA desaguará no Brasil, reconheceu Meirelles em entrevista coletiva, após almoço com investidores em Nova York. "É a maior economia do mundo. Influencia, sim."

    Ele disse, no entanto, que o país estará "com economia suficientemente forte para enfrentar com sucesso as flutuações normais dos ciclos econômicos do mercado internacional".

    O otimismo contrasta com a expectativa sobre o impacto da Casa Branca de Trump na economia brasileira.

    A eleição do republicano provocou uma onda de valorização do dólar, e, com Trump, economistas preveem corte menor dos juros no Brasil —o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tentou acalmar o mercado e negou, na quarta, que a política monetária mudará para se adaptar ao furacão Trump.

    Antes mesmo do resultado, a equipe econômica havia baixado a expectativa de um avanço de 1,6% do PIB em 2017 —agora, esperam 1%. A conta não contempla o "efeito Trump" que pode afetar o país.

    ÂNCORA DE OTIMISMO

    O ministro veio a Nova York com uma missão difícil: vender o Brasil como terra fértil para investidores, num momento em que o mercado está em pânico com os efeitos da eleição de Trump na economia global.

    Quando foi aberta rodada de perguntas para o público, o economista-chefe do banco, Dalton Gardiman, que mediava a conversa, lembrou que a fonte da incerteza morava a quatro blocos do hotel que sediou o evento: a Trump Tower de Manhattan, onde o empresário mantém QG político e mora com a mulher e o filho caçula.

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    Meirelles brincou que sentiu as consequências ao enfrentar o trânsito local —trechos próximos ao prédio estão fechados a carros e cercados com grades, uma defesa contra protestos anti-Trump.

    Sua apresentação, intitulada "Brasil: On the Road to Recovery" (Brasil: no caminho para a recuperação), tentou ser uma âncora de otimismo.

    Meirelles destacou a aprovação do teto de gastos públicos e a previsão de implantar a reforma da Previdência, duas manobras que disse serem essenciais para equilibrar as receitas nacionais.

    Ele projetou que investimentos na infraestrutura nacional chegarão a US$ 270 bilhões entre 2016 e 2019, puxados pelo setor de gás e petróleo (US$ 90 bilhões). Afirmou ainda que o governo está comprometido em reduzir o papel do Estado na economia e cultivar um ambiente mais amigável a corporações estrangeiras.

    Enquanto os convidados degustavam bacalhau com aspargos, Meirelles digeria dúvidas da plateia sobre a agilidade do Brasil em garantir que projetos (como reformas e os de infraestrutura) sejam tocados rapidamente.

    O ministro foi questionado se o governo daria proteção contra flutuações cambiais a investidores —cobrança do mercado para encarar a volatilidade do mercado brasileiro.

    Meirelles respondeu que "isso está fora de cogitação". Depois, disse à imprensa acreditar em "instrumentos do mercado" para dar segurança a estrangeiros que investem no Brasil.

    Meirelles chegou na terça (15) e ficará até sexta (18) na cidade. Nesta quarta, foi a estrela do "CEO Forum - The Leadership's View", organizado pelo Bradesco. Na plateia, brasileiros como Joesley Batista (JBS), Murilo Ferreira (presidente da Vale) e Paulo Kakinoff (Gol Linhas Aéreas).

    Pec dos gastos

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