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    Recessão se combate com 'medidas amargas', diz Temer durante jantar

    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    16/11/2016 23h17

    O presidente Michel Temer reconheceu nesta quarta-feira (16) que o governo federal enfrentará dificuldades no Congresso Nacional para a aprovação da reforma previdenciária, mas ressaltou que não se pode ter a ilusão que uma recessão econômica seja resolvida com "medidas doces".

    Em discurso em jantar oferecido à base aliada no Senado Federal, promovido no Palácio do Alvorada, o peemedebista afirmou que muitas vezes é necessário tomar "medidas amargas" e disse que, na opinião dele, há uma consciência nacional de que uma reforma previdenciária é "indispensável".

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    "O primeiro passo é tirar o país da recessão para depois começar o crescimento e, com ele, a geração de emprego. Não vamos ter ilusão que se combate a recessão com medidas doces. Você precisa muitas vezes de medidas amargas e essas medidas visam o futuro, não o presente", disse.

    Segundo ele, o país passa por uma recessão econômica "profunda" e "extremamente preocupante" e a proposta do teto de gastos públicos, programada para ser votada em primeiro turno no dia 29 de novembro, faz parte do esforço do governo federal para superar o quadro atual.

    "Vai ser difícil [a reforma previdenciária]? Vai, mas creio que já há uma consciência nacional e as pesquisas revelam que ela é indispensável. Não há como fugir dela, até porque estamos fora do planeta, porque os outros países têm regras de natureza previdência diferentes das nossas", disse.

    O presidente ressaltou ainda que não pode ser visto como normal no país um deficit público de R$ 170 bilhões e reforçou que, após a reforma previdenciária, o governo federal promoverá uma reforma trabalhista. "Nós temos pouco tempo de governo federal e, portanto, precisamos fazer isso rapidamente", disse.

    O presidente aproveitou o discurso para fazer uma crítica indireta à sua antecessora no cargo, Dilma Rousseff. Segundo ele, muitos senadores que chegaram ao jantar observaram que nunca tinham entrado no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.

    "Muitos disseram que é a primeira vez que entram aqui, o que é estranho, porque o Poder Legislativo tem de estar sempre presente no Poder Executivo e no Palácio do Alvorada", criticou.

    Pec dos gastos

    CUSTO

    O jantar, promovido em meio a um ajuste fiscal, teve como objetivo mobilizar a base aliada a votar a proposta do teto de gastos, aprovada em dois turnos pela Câmara dos Deputados.

    Segundo o governo federal, o gasto total com o encontro ainda não foi fechado, mas a estimativa oficial é que ele tenha saído entre R$ 6 mil e R$ 7 mil aos cofres públicos.

    De acordo com o Palácio do Planalto, compareceram ao jantar 82 convidados, entre senadores, ministros e líderes da Câmara dos Deputados.

    No início do encontro, um grupo de cerca de oitenta estudantes protestou com faixas e cartazes contra a proposta governamental.

    Com gritos de "golpista", eles interditaram os dois acessos principais ao Palácio do Alvorada. Os convidados tiveram de pegar um desvio aberto pela Polícia Militar para acessar a residência oficial da Presidência da República.

    Para aprovar a medida do teto em primeiro turno, são necessários 49 votos. Em uma tentativa de demonstrar força política, o Palácio do Planalto quer conseguir um placar de 65 de um total de 81 senadores.

    OFENSIVA

    A avaliação do entorno de Michel Temer é que, caso o governo federal consiga a vantagem, o Palácio do Planalto terá mais tranquilidade para enviar a reforma previdenciária no início de dezembro, antes da votação do segundo turno do teto de gastos, previsto para 13 de dezembro.

    Se o placar for apertado, contudo, a estratégia do governo federal será a de segurar a proposta para que ela não cause instabilidade na votação do segundo turno.

    A duas semanas da votação do primeiro turno, o presidente iniciou ofensiva nesta quarta-feira (16) sobre senadores do Norte e Nordeste que apresentam risco de votar contra a iniciativa do governo federal.

    Ele abriu espaço na agenda presidencial para receber pessoalmente parlamentares que simpatizavam com o governo de Dilma Rousseff.

    Ele teve audiências com Elmano Férrer (PTB-PI), Otto Alencar (PSD-BA) e Kátia Abreu (PMDB-TO). Os três votaram contra o afastamento definitivo da petista.

    Além deles, ele esteve com Raimundo Lira (PMDB-PB), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Vicentinho Alves (PR-TO). Eles votaram favoravelmente ao impeachment, mas contra a proibição de que a petista assuma funções públicas, posição contrária à defendida à época pelo governo federal.

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