• Mercado

    Monday, 17-Jun-2024 06:58:16 -03

    Desemprego cresce mais entre os negros em São Paulo, diz Dieese

    CAMILA VERAS MOTA
    DO VALOR

    17/11/2016 15h06

    O impacto negativo da recessão sobre o mercado de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo foi mais intenso sobre a população negra, especialmente entre as mulheres e jovens.

    Na passagem de 2014 para 2015, a taxa média de desemprego do grupo todo avançou de 12% para 14,9%, contra alta de 10,1% para 12% entre as populações não negras, conforme estudo divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

    A diferença entre as duas taxas chegou a 2,9 pontos percentuais, após atingir 1,9 ponto em 2014, o menor valor da série, que começa em 1985. O aumento reverte a tendência de redução das distâncias entre os indicadores dos dois grupos que vinha sendo observada nos últimos anos. Em 2002, ela era de 7,2 pontos.

    NA INFORMALIDADE - Variação entre 1º e 2º tri de cada ano, em %, em %

    A diferença entre o rendimento das duas populações, por outro lado, diminuiu no período. A renda média real dos não negros encolheu 8%, ritmo mais intenso do que o observado entre os negros, de 2%. Assim, a remuneração média por hora dos negros passou a valer R$ 9,39, 67,7% daquela dos não negros. Em 2014, a relação era de 63,7%.

    A maior desigualdade de rendimentos seguiu concentrada nos serviços, onde os negros recebiam 63,7% do que ganham os não negros. A menor diferença foi observada na construção civil (79,9%) e no comércio (76,9%). Na indústria, a relação manteve-se estável em 70,1% na passagem de 2014 para 2015. O estudo observa que a diferença é maior nos ramos em que há menor participação dos negros.

    Na região metropolitana paulista, os negros representavam, em 2015, 39,6% da população em idade ativa (PIA) e uma proporção ligeiramente maior na composição da população economicamente ativa (PEA), 40,8%. Já a parcela de desempregados negros era de 46,3%, caracterizando, segundo o levantamento, "uma sobrerrepresentação no total de desempregados, situação que se acentuou no ano em análise".

    Entre 2014 e 2015, o desemprego cresceu em todos os segmentos de sexo e raça/cor, mas mais fortemente entre as mulheres negras, de 13,3% para 16,3%. Os jovens também foram bastante afetados, com alta de 5,8 pontos porcentuais para negros (29,8%) e de 4,6 pontos para os não negros (26,6%).

    CONSTRUÇÃO - Número de trabalhadores, em milhões

    O texto avalia que o ritmo de redução das desigualdades entre negros e não negros na região, ajudada em anos anteriores pelo ciclo de crescimento da economia, ainda é lento se comparado à rápida resposta negativa do mercado de trabalho em momentos de crise.

    "Apenas com longos períodos de crescimento econômico em conjunto com ações de políticas afirmativas, especialmente as voltadas à educação, é possível diminuir as desigualdades no mercado de trabalho e melhorar as oportunidades de inserção para a população negra".

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024