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    Empresas de tecnologia para finanças têm alta de 20% no investimento

    ANNA RANGEL
    DE SÃO PAULO

    21/11/2016 02h00

    Zanone Fraissat/Folhapress
    Tom Canabarro, 29 sócio da Konduto, no escritório da empresa, em São Paulo
    Tom Canabarro, 29 sócio da Konduto, no escritório da empresa, em São Paulo

    O interesse sobre as "fintechs", startups especializadas em serviços como consultoria de investimentos, controle de fraudes na internet, gerenciamento de contas pessoais, cobrança e empréstimos, está crescendo.

    Os investimentos em 2015 tiveram alta de 19% ante 2014 e somaram US$ 386 milhões só na América Latina, que abriga 352 empresas do tipo, segundo pesquisa deste ano da consultoria McKinsey. O Brasil, maior mercado da região, concentra 170 delas.

    O potencial de crescimento também é grande: o banco Goldman Sachs prevê que até 20% do setor financeiro pode ser abocanhado por essas empresas de tecnologia.

    Mas, para entrar nesse mercado, não basta ter vontade: é preciso conhecimento do setor e alta capacidade de investimento. "Não é um mercado fácil. Você tem que mostrar que é sadio e que não vai gastar mais do que pode", diz Patrick Negri, diretor da ABStartups (Associação Brasileira de Startups).

    O estudo da McKinsey aponta que, das 325 "fintechs" latinas, só 35 receberam mais de US$ 2 milhões. Entre as consultadas pela Folha, o investimento inicial médio é de R$ 1 milhão, antes de aportes de capital.

    A vantagem é que, para muitas dessas empresas, o crescimento supera os 10% ao mês. É o caso da Magnetis, plataforma on-line que apura perfis e dá consultoria para pessoas físicas que querem investir. Cerca de 20 mil já baixaram o programa.

    "Vejo que há espaço para crescimento nos próximos anos", afirma Luciano Tavares, 42, presidente da empresa, que já recebeu R$ 3,2 milhões de investidores.

    O consultor do Sebrae-SP Douglas Almeida diz que as startups ainda não avançaram sobre o mercado dos bancos, mas os gigantes do setor já se preocupam em trazer para debaixo de suas asas startups consideradas inovadoras, com espaços de coworking como o Cubo, do Itaú, e o InovaBra, do Bradesco.

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Fabiano Beselga, 30, e Luciano Tavares, 42, da Magnetis
    Fabiano Beselga, 30, e Luciano Tavares, 42, da Magnetis

    RESILIÊNCIA

    Além de ter uma boa ideia, é preciso paciência. Thiago Alvarez, 36, e Benjamin Gleason, 39, sócios do GuiaBolso, sentiram isso na pele: ouviram 60 negativas antes do primeiro aporte, em 2013.

    "Tínhamos uma boa ideia, mas todo mundo duvidava da viabilidade de um aplicativo de serviços financeiros", conta Alvarez. A plataforma analisa contas de pessoas físicas para controle financeiro e já teve 3 milhões de downloads. Segundo Alvarez, o crescimento foi de 300% em 2016.

    Além de atrair investidores, também é preciso fazer contatos na área e em setores correlatos, segundo Alexandre Lara, co-fundador do FintechLab, um hub de inovação que mapeia fintechs brasileiras. "Por ser um nicho difícil, os envolvidos procuram se ajudar", afirma.

    Buscar parcerias é uma estratégia da Konduto, que analisa fraudes em e-commerce. O sócio Tom Canabarro, 29, participa de eventos não só para caçar potenciais clientes, mas conhecer outros fornecedores de áreas como logística e marketing.

    A empresa prevê fechar 2016 com faturamento de R$ 1 milhão."Falar com outras organizações é útil, pois vamos nos indicando para serviços."

    Para quem consegue se estabelecer, Almeida, do Sebrae, recomenda estar aberto a sugestões do investidor. "O CEO deve aceitar opiniões e buscar, além do dinheiro, o alinhamento de ideias e visão."

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