• Mercado

    Monday, 06-May-2024 07:42:15 -03

    Temer e Meirelles pedem que setor privado atue para tirar Brasil da crise

    MARINA DIAS
    DANIEL CARVALHO
    GUSTAVO URIBE
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    21/11/2016 12h14 - Atualizado às 23h21

    O presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fizeram um apelo nesta segunda-feira (21) para que o setor privado "faça propaganda positiva do governo" e tenha um "maior engajamento " para ajudar o país a sair da crise.

    Durante discurso no encerramento da primeira parte da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado "conselhão, o presidente pediu que empresários e representantes de diversos setores defendam medidas impopulares propostas pelo governo federal, como as reformas trabalhista e previdenciária.

    "Começo pelo tópico da comunicação, que realmente é fundamental, mas uma das coisas é que os senhores se comuniquem pelo governo. Os senhores podem divulgar o que está acontecendo no Brasil de maneira positiva", afirmou Temer.

    Em discurso, o peemedebista criticou o que chamou de "contabilidade criativa" da gestão Dilma Rousseff e ressaltou que só será possível fazer o país crescer se o "ilusionismo" for substituído pela "lucidez". Segundo ele, a "gigantesca crise" é resultado da tentativa de "disfarçar a realidade".

    Depois, pediu apoio para a aprovação do teto dos gastos públicos, que deve ser votado neste mês e em dezembro pelo Senado, e para a reforma previdenciária. Ele reconheceu que as mudanças na aposentadoria causam "muita angústia", mas prometeu reforma ampla e que será debatida com a sociedade civil.

    Segundo ele, a iniciativa será enviada ao Congresso até o fim do ano e o ajuste fiscal só poderá ser feito efetivamente com a aprovação de mudanças nas atuais regras. Para ele, sem a reforma previdenciária, seria preciso "fechar as portas do país para balanço". "Se nós não tivermos coragem para fazer isso, não vale a pena estarmos aqui", disse.

    Já o chefe da equipe econômica disse que, além de defender aprovação dessas medidas, empresários precisam auxiliar o governo a "realmente mudar o rumo" da economia.

    O ministro afirmou que "serão necessárias medidas adicionais" para que o país saia da recessão no próximo ano, mas o programa de privatizações, concessões e outorgas, anunciado pelo governo com 34 novos projetos, será o reflexo do engajamento do setor privado.

    Meirelles não detalhou as novas medidas e voltou a defender a aprovação da PEC que cria um teto para os gastos públicos, que deve ser votada no Senado em dezembro, e a reforma da Previdência como o ponto de partida para retomar o crescimento econômico do país e disse que é preciso ter "foco" em alguns pontos fundamentais, porque "atirar para todos os lados, como já vimos, não resolve o problema".

    TETO DE GASTOS PÚBLICOS
    Entenda a PEC 241 e suas consequências
    Deputados seguram placas durante votação da proposta que limita gastos públicos

    "É preciso ter foco na contenção permanente de despesas e aumento temporário da receita com, por exemplo, o programa de repatriação que foi feito recentemente e que pode ter mais uma fase aprovada pelo Congresso. [...] Foco na redução da dívida pública, na redução do papel do Estado e na competitividade", explicou.

    Em sua rápida defesa sobre as duas principais bandeiras do governo, Meirelles chamou de "lúcida" a reforma previdenciária, que deve estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria, e disse que, ao contrário do que dizem os críticos ao projeto que limita os gastos públicos, a medida não vai prejudicar áreas estratégicas, como saúde e educação.

    "É preciso estar melhor entendido e melhor comunicado que, de fato, temos um piso e que esse piso, de partida, é maior do que está previsto na Constituição hoje para a saúde, por exemplo. [A PEC do teto] garante sim as questões fundamentais de saúde e educação", disso o ministro.

    CPMF

    Temer fez mais uma crítica ao governo de sua antecessora, Dilma Rousseff, e afirmou que se a reunião do conselhão estivesse sendo feita "há nove ou dez meses", quando a petista estava na Presidência, o assunto seria a aprovação ou não de uma nova CPMF.

    "Vocês perceberam que, no instante em que propusemos o teto para os gastos públicos, paramos de falar de CPMF?", disse Temer.

    O ministro da Fazenda, por sua vez, diz que é preciso aprovar a PEC que limita o teto para os gastos públicos, além de outras reformas, como a da Previdência, antes de discutir a criação ou o aumento de impostos, mas não descarta totalmente a medida

    Pec dos gastos

    REAÇÃO

    Os integrantes do Conselhão elogiaram a fala de Temer, dizendo que o governo está no rumo certo ao buscar reequilibrar as contas públicas, mas pediram pressa para adotar medidas que destravem a economia.

    "O governo está na direção correta, mas é preciso ter cuidado com o tempo das medidas", afirmou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, para quem já existem as "condições estruturais" para uma queda da taxa de juros.

    Na mesma linha, o presidente do Itaú, Roberto Setubal, elogiou o governo por restabelecer a confiança no país, mas afirmou que "precisamos retomar o desenvolvimento", porque só assim "seremos capazes de solucionar os nossos problemas".

    A economista Zeina Latif também cobrou "celeridade" do governo nas medidas para destravar o crescimento e garantir o ajuste fiscal.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024