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    Ex-empresa de Eike Batista vive disputa entre os seus acionistas

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    25/11/2016 02h00

    A companhia de infraestrutura e logística Prumo –única das empresas originárias do grupo EBX, de Eike Batista, que não pediu recuperação judicial– virou alvo de disputa entre o atual controlador, o fundo americano EIG, e acionistas minoritários.

    Pela terceira vez, em quatro anos, os minoritários combatem a intenção dos controladores de fechar o capital da empresa, desligando-a da BM&FBovespa.

    O imbróglio atual se assemelha ao de 2012, quando um laudo de avaliação independente, feito pelo banco Merrill Lynch, demonstrou que o valor oferecido pelo controlador para comprar a participação dos acionistas minoritários era inferior ao que a empresa valia de fato.

    Segundo a avaliação feita na época, a empresa valia até US$ 2,7 bilhões. O controlador, que era ainda Eike Batista, queria pagar menos.

    A discórdia de hoje está novamente no valor da companhia, após ter sobrevivido à derrocada do império de Eike e passado às mãos do EIG no fim de 2013, abandonando seu antigo nome LLX para rebatizar-se como Prumo.

    Na semana passada, minoritários levaram à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a reclamação de que o EIG os teria "enganado" ao convidá-los, em julho, para elevar o capital da empresa.

    Segundo os minoritários, a operação desencadeou uma mudança no perfil societário, fazendo com que a participação do controlador subisse para pouco mais de 75%.

    Com isso, a empresa acabou se desenquadrando da regra do Novo Mercado, segmento da BM&FBovespa, em que a parcela de papéis em circulação não pode ficar abaixo de 25%.

    A solução preferida pelos minoritários seria a venda de parte das ações pelo EIG para voltar ao patamar anterior.

    Mas a saída apresentada pelo controlador foi na direção inversa: lançar uma oferta pública de aquisição (OPA), comprando toda a parte dos minoritários a R$ 6,69 por ação, um valor que, segundo eles, está muito inferior ao potencial do papel.

    Com a ação a esse preço, os minoritários lamentam que a empresa valeria cerca de US$ 700 milhões hoje.

    DETERIORAÇÃO

    Na reclamação feita à CVM e ao conselho de administração da Prumo, os minoritários dizem que as sucessivas tentativas de fechar o capital da empresa deterioraram o valor das ações.

    Eles não querem ser obrigados a vender sua parcela agora porque preferem aguardar a valorização. A CVM disse que vai avaliar o caso.

    Os minoritários acreditam que a Prumo tem potencial de se valorizar no médio prazo porque vive agora um momento mais favorável com o início da operação de novos terminais, a primeira operação de transbordo no terminal de petróleo, a inauguração de uma área para a instalação de lojas no porto do Açu e outras evoluções.

    "Quando o aumento de capital foi anunciado, entendemos que era para dar um perfil melhor à dívida da empresa e investir. Nos sentimos enganados quando, quatro dias após a homologação desse aumento de capital, veio o anúncio da saída do Novo Mercado", diz o minoritário Roberto Lombardi.

    Procurado, o EIG não se manifestou. A Prumo afirma que fechar capital é decisão do controlador.

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    A QUEDA DO IMPÉRIO X
    Antigas empresas de Eike saem do papel e começam a operar

    MMX
    No porto do Sudeste, a MMX, antiga empresa de minério do EBX, passou o controle ao fundo Mubadala, do governo de Abu Dhabi, e a holandesa Trafigura, que assumiram R$ 1,3 bilhão em dívidas e fizeram US$ 400 milhões em novos investimentos. O primeiro embarque de minério de ferro ocorreu em setembro de 2015

    MPX
    Eike imaginava uma área industrial para o funcionamento de usinas térmicas movidas a carvão, que seriam operadas pela companhia que na época foi batizada por ele como MPX, a empresa de energia do grupo, que após a derrocada passou para o controle da alemã E.ON e atualmente é conhecida pelo nome Eneva

    OGX
    A OGPar (Óleo e Gás Participações) atua em exploração e produção de óleo e gás natural. Sucessora da OGX, a empresa está em recuperação judicial. No início do ano, ela chegou a anunciar a interrupção das operações do campo de Tubarão Martelo, na bacia de Campos, em razão da queda do preço do petróleo

    LLX
    A LLX, a empresa de logística do grupo EBX, tocava as obras do porto do Açu. O controle saiu da mão de Eike no final de 2013 e passou para o fundo americano EIG. Criou-se então a Prumo Logística, que retomou as obras quase paradas. A Prumo foi a única das empresas originárias do grupo que não pediu recuperação judicial

    O GRUPO
    A derrocada do antigo grupo EBX, do empresário Eike Batista, manchou a face privada dos projetos de infraestrutura brasileiros e causou prejuízo a milhares de investidores. Cedidos a credores e vendidos a novos gestores, no entanto, alguns desses empreendimentos foram reformulados e conseguiram sair do papel

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