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    Número de empregados no Brasil recua pela primeira vez em 11 anos

    MARIANA CARNEIRO
    DA ENVIADA AO RIO DO RIO
    LUCAS VETORAZZO
    DE

    26/11/2016 02h00

    A deterioração do mercado de trabalho expulsou 3,8 milhões de pessoas de suas ocupações em 2015.

    Foi a primeira queda das pessoas ocupadas verificada pelo IBGE em 11 anos de Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

    Os dados foram coletados em setembro de 2015, quando a atual recessão havia completado um ano e meio. Mas desde então o mercado de trabalho não parou de piorar.

    Fernando de Hollanda Barbosa Filho, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas), observa que, em 2015, muitos desempregados se refugiaram em negócios próprios ou se transformaram em prestadores de serviço.

    "O pior do desemprego veio neste ano", diz.

    Ainda assim, o estrago foi grande em 2015. O número de desempregados superou a marca de 10 milhões de pessoas, uma escalada de 38%.

    O setor industrial foi a atividade que registrou a maior perda do número de ocupados, de 8% ante o número de empregados em 2014. Foi eliminado mais de 1 milhão de vagas no setor, mais da metade delas (523 mil) na região Sudeste.

    O enxugamento de postos de trabalho na indústria ajuda a sustentar a hipótese sobre por que a região registrou uma queda mais expressiva na desigualdade do que o resto do país.

    Os pesquisadores do IBGE argumentam que os empregos industriais estão associados a trabalhadores com os melhores salários e elevado grau de formalização. E eles foram os mais abalados.

    PNAD - Trabalho

    INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

    O presidente do IBGE, Paulo Rabello de Castro, observa o que aconteceu, por exemplo, com a indústria automotiva.

    "Nem na crise de 1981, que foi mais profunda, porém mais curta, a indústria automobilística não caiu dois dígitos por dois anos seguidos."

    O emprego com carteira assinada caiu 5,3%.

    Só aumentaram os trabalhadores por conta própria (+3%), atividade que virou alternativa para muitos que saíram do emprego tradicional, e os servidores públicos estatutários e militares (+2,23%).

    A renda do trabalho foi a grande propulsora dos ganhos sociais nos últimos 11 anos, de acordo com Marcelo Neri, diretor do FGV Social, demonstrando preocupação com o desempenho da riqueza e da desigualdade em 2016.

    PNAD - Renda

    RENDIMENTOS

    Com a deterioração, o rendimento dos trabalhadores recuou 5%, de R$ 1.950 para R$ 1.853, já descontada a inflação. Também foi a primeira queda desde 2004.

    Quando se focaliza a desigualdade apenas entre os trabalhadores, ela também mostra declínio em 2015. O índice de Gini recuou de 0,490 em 2014 para 0,485 em 2015, mantendo a sequência de queda verificada desde a década passada.

    A crise reduziu também o trabalho infantil. Entre 2014 e 2015, o número de crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos encolheu quase 20%. Ou seja, 659 mil crianças deixaram de trabalhar. Destes, 518 mil eram adolescentes de 14 a 17 anos.

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