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    Kroton busca venda de R$ 1 bilhão para concretizar união com Estácio

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    28/11/2016 02h00

    Silva Junior - 20.mar.2012/Folhapress
    Professor em estúdio em Ribeirão Preto (SP) dá aula a distância no sistema UniSEB

    A venda de operações de ensino a distância e de uma instituição em Santa Catarina, avaliadas em R$ 1 bilhão, foi a solução encontrada pela Kroton para tentar aprovar a união com a Estácio.

    O acordo, que unirá as duas maiores empresas de ensino superior do país e for- mará um gigante com 1,5 milhão de alunos e 25% de participação de mercado, foi assinado pelas companhias em agosto e está em avaliação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

    Para afastar as restrições que devem ser impostas ao negócio devido à alta concentração no segmento de EaD (ensino a distância), a Kroton e a Estácio já elaboraram um plano e apresentaram ao Ministério da Educação, segundo a Folha apurou.

    A ideia é vender a UniSEB, instituição de EaD da Estácio com mais de 30 mil alunos.

    Também será proposta ao Cade a venda do Centro Universitário Estácio de Santa Catarina, que tem cursos presenciais e a distância.

    Antes de ser posto à venda, esse centro vai absorver todas as outras bandeiras de EaD da Estácio que estão dispersas em outras instituições.

    Segundo pessoas envolvidas na elaboração do projeto, a UniSEB valeria cerca de R$ 600 milhões, e a instituição de Santa Catarina, já com os cursos de EaD agregados, mais R$ 400 milhões.

    Ao todo, a Estácio possui 34 cursos de EaD em todos os Estados, com 161,4 mil alunos.

    CONCENTRAÇÃO

    Para William Klein, presidente da consultoria Hoper Educação, há chances de o Cade ficar satisfeito com a proposta. Ele faz comparação com o caso da Uniasselvi, vendida pela Kroton como condição para que o Cade liberasse a compra da Anhanguera, anunciada em 2013.

    "Para poder comprar a Anhanguera e se tornar uma instituição com 1 milhão de alunos, a Kroton vendeu a Uniasselvi, que tinha cerca de 85 mil matrículas. Agora, para subir ao patamar de 1,5 milhão de alunos, é razoável que se desfaça de instituições com mais de 100 mil alunos."

    Ao longo dos dois meses em que a Estácio foi disputada pela Kroton, especialistas no setor estimavam como alternativa a venda da Uniderp, que é a segunda maior empresa desse mercado.

    Vender a Uniderp, porém, não seria uma boa solução para a Kroton, diz Klein.

    "A Uniderp é um ativo bom, com uma das mensalidades mais altas no mercado de EaD e é uma marca forte."

    Procuradas, Kroton e Estácio não quiseram se manifestar. O Cade disse que tem 240 dias para analisar o caso, prorrogáveis por mais 90, a partir do dia 31 de agosto, quando foi notificado do acordo.

    PARTICIPAÇÃO

    Apesar de estar se preparando para vender uma fatia relevante de sua posição no mercado de ensino a distância (EaD), a empresa formada por Kroton e Estácio vai manter sua participação elevada na área.

    Líder no ranking de educação presencial, a Kroton é dona das duas maiores marcas de EaD no Brasil, a Unopar e a Uniderp.

    Juntas, as instituições reúnem mais de 470 mil alunos e correspondem a cerca de 40% do total de matrículas no segmento.

    O mercado de cursos a distância é hoje uma aposta das grandes companhias devido ao custo mais baixo para a instituição e para o aluno. A estrutura de custos das aulas on-line é mais barata e favorece ganhos de escala.

    O modelo de ensino a distância saiu de uma fatia de 0,8% do mercado privado em 2004 para mais de 20% nos últimos dois anos, de acordo com o Ministério da Educação.

    Para o fim deste ano, a estimativa é que se aproxime de 30%, segundo a consultoria Hoper Educação.

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