Como esperava a maior parte do mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decidiu por um novo corte de 0,25 ponto percentual nos juros básicos nesta quarta (30), levando a Selic a 13,75% ao ano. A decisão foi unânime.

Foi a segunda vez que a taxa de juros básica da economia foi reduzida desde outubro de 2012. O BC iniciou o atual ciclo de cortes no dia 19 de outubro, quando os juros caíram também 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano.

Apesar de uma minoria do mercado acreditar que, devido ao arrefecimento da inflação oficial, o BC poderia optar por um corte maior, de 0,50 ponto percentual, a maior parte dos economistas ouvidos pelo Boletim Focus previa que a opção seria por uma redução mais modesta.

No comunicado da decisão, o Copom afirmou que a atividade econômica está "aquém do esperado" –nesta quarta, o IBGE divulgou que o PIB caiu 0,8% no terceiro trimestre de 2016.

"A evidência disponível sinaliza que a retomada da atividade econômica pode ser mais demorada e gradual que a antecipada previamente", afirmou a autoridade monetária no documento.

Confira a evolução da taxa Selic - Em % ao ano

O BC ainda destacou a situação externa como importante para a decisão, já que a eleição de Donald Trump para a Presidência dos EUA provocou instabilidade nos mercados e depreciação do real em relação ao dólar (a moeda americana à vista subiu 6,6% em novembro, para R$ 3,39), o que tem efeito inflacionário.

"No âmbito externo, o cenário apresenta-se especialmente incerto", disse o Banco Central. Por outro lado, observou a autoridade monetária, há "elevada probabilidade" de esse cenário se normalizar no curto prazo.

"Continuaram em um ritmo mais parcimonioso. Além disso, o Banco Central indicou que o cenário externo foi importante para a decisão", observou a economista Tatiana Pinheiro, do banco Santander. "Isso explica a manutenção do ritmo de 0,25 ponto percentual", completou.

Antes da eleição de Trump, a maior parte do mercado acreditava que a Selic se reduziria em 0,50 ponto percentual já nesta reunião.

"O Banco Central indicou no comunicado que vai passar a olhar o cenário externo com mais atenção", avaliou José Márcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos.

ACELERAÇÃO

O Banco Central disse ainda no comunicado que o tamanho dos próximos cortes na Selic irá depender das expectativas para a inflação.

"Como o BC sugere que a reaceleração da economia está demorando mais do que estavam esperando, acho que, se as expectativas convergirem para a meta, veremos um ritmo mais intenso de corte de juros, de 0,5 ponto percentual, nas próximas reuniões", analisou Camargo, da Opus.

A projeção de analistas de mercado ouvidos pelo BC no Boletim Focus para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2017 é de 4,9%, acima da meta para o ano, que é de 4,5%.

No caso da taxa Selic, a expectativa do mercado é que os juros básicos se reduzam a 10,75% até o fim de 2017.